Enviada em: 20/10/2017

Durante o período colonial brasileiro, os colonos portugueses – e em alguns momentos os holandeses no nordeste – usaram do mecenato para retratar as belezas da nova terra conquistada. Esse sistema de financiamento e patrocínio de artistas, no entanto, faz-se pouco presente no Brasil do século XXI, tornando a produção de arte é um desafio para a sociedade. Nesse cenário, discutir acerca das dificuldades artísticas no país mostra-se imperativo.    A princípio, vale pontuar que o insuficiente incentivo do Governo Federal corrobora para tornar o desenvolvimento das artes dificultosas em um território tão heterogêneo economicamente. Para o dramaturgo Bertolt Brecht, o acesso à cultura está diretamente relacionado com o poder. Sob esse viés, é notório que a afirmativa é pertinente à população tupiniquim, já que as práticas assistencialistas que estimulam e financiam os novos artistas são exíguas, negligenciando a participação dos indivíduos de baixa renda em atividades que envolvam arte. Desse modo, o cenário mantem-se semelhante ao colonial, no qual apenas a elite detinha ferramentas artísticas.      Ademais, convém ressaltar que o atrelamento das artes ao comércio capitalista também colabora para o impasse na democratização da cultura nacional. Os filósofos Adorno e Horkheimer pontuaram a existência de uma indústria cultural que atrela a produção artística ao lucro. Sob essa perspectiva, é possível perceber o funcionamento da Lei Rouanet, a qual arrecada fundos empresariais para financiar artistas. Entretanto, os escolhidos para receber esse benefício são, em geral, aqueles que já têm popularidade e que possam retribuir o investimento. Dessa maneira, percebe-se que as políticas governamentais ainda são ineficazes para promover a ascensão de novos artistas.    Logo, é imprescindível que haja isonomia de poder e influência entre os diversos produtores de arte em um país democrático. Para isso, o Poder Público, em papel do Ministério da Cultura, deve ampliar a destinação de verba para o setor cultural, com uso dos impostos arrecadados pela Receita Federal, visando ampliar o incentivo e o patrocino de novos artistas, rompendo com a herança elitista herdada, por meio da criação de projetos sociais, como oficinas de danças, aulas instrumentais e shows públicos, todos gratuitos. Além disso, é necessário que o Poder Legislativo fiscalize a atuação da Lei Rouanet, estimulando empresas - com uso de incentivos fiscais - a priorizarem artistas com pequena difusão, atenuando a ordem capitalista e diversificando a cultura nacional. Ainda, cabe à mídia auxiliar no processo de democratização das artes com uso de propagandas que exibam novos talentos em horários nobres da televisão aberta.