Enviada em: 24/09/2017

Expressão estética de alguma criação humana. Eis, em síntese, a definição mais corriqueira de "arte", ainda que seja difícil conceituá-la de forma universal. Tal termo envolve uma infinitude de técnicas, detalhes e finalidades que compõem qualquer obra de arte. Nesse sentido, esculturas, murais, telas, teatro, cinema, ou mesmo música são manifestações artísticas comuns, contudo enfrentam diversos desafios no Brasil, advindos, sobretudo, da resistência governamental e social ao que consideram incômodo ou subversivo.                               A arte cumpre inúmeras funções sociais, o que provoca, muitas vezes, polêmicas, ou implica, lamentavelmente, a censura. Na década de 1960, o Tropicalismo emergiu com força na sociedade brasileira, apresentando letras de denúncia implícita ao regime militar, além do forte engajamento social presente em algumas canções. Nesse contexto, a censura e a repressão às produções artísticas contrárias ao governo militar acarretaram o exílio de diversos artistas e intelectuais, como Caetano Veloso. Infelizmente, esse cenário combativo à produção artística não foi sepultado em 1985, visto que, recentemente, o prefeito de São Paulo, João Doria, solicitou o apagamento de grafites feitos em algumas avenidas da capital paulista. Indubitavelmente, isso ilustra que a arte enfrenta numerosos desafios, oriundos, inclusive, do governo. Essa postura do poder público em relação à produção artística não é atual no Brasil e deve ser urgentemente cessada.       Além disso, a arte também é instrumento que dá vazão a ideias, ou seja, assume postura de difusora de mentalidades distintas, resultando, geralmente, em reações negativas da sociedade. Há algumas semanas, o Santander Cultural, em Porto Alegre, promoveu o "Queermuseu", exposição de temática LGBT cujo objetivo foi o de valorizar a diversidade sexual. No entanto, o projeto foi cancelado poucos dias após o seu início, uma vez que a sociedade brasileira interpretou as telas como artigos de apologia à pedofilia e zoofilia. Sob uma análise superficial e extremamente leiga, muitos indivíduos teceram comentários grotescos a respeito do evento. Assim sendo, é perceptível que a população brasileira tem pouco conhecimento sobre arte, que, por isso, enfrenta o desafio da ignorância social.             Por conseguinte, os empecilhos encarados pela produção artística no Brasil devem ser superados. Desse modo, o Poder Executivo, por meio de ações do Ministério da Cultura, deve valorizar e estimular exposições artísticas, e não repreendê-las, tencionando a edificação de um país mais cultural. Ademais, as escolas precisam educar os estudantes a aguçarem seu senso estético diante de obras de arte, a fim de que possam interpretá-las corretamente. Por fim, as famílias devem cultivar o hábito de conhecer e valorizar a arte, visando a evitar a formação de indivíduos leigos e indiferentes a ela.