Enviada em: 15/10/2017

Desde as pinturas rupestres na pré história, o homem procurava expressar seus sentimentos e vivências. Assim, a arte tornou-se um mecanismo de representação da realidade e da subjetividade, a qual pode ser analisada sob diversos aspectos socioculturais. Dessa forma, muitos desafios impõem-se acerca da manifestação artística no Brasil, que deve engajar-se na liberdade cultural e humanitária.        "Há duas espécies de artistas, uma que faz arte pura e outra que a enxerga à luz de teorias efêmeras". O contexto do artigo Paranóia e Mistificação de Monteiro Lobato retratou umas das primeiras visões sobre a geração modernista no Brasil: o preconceito artístico. De maneira análoga, se posicionou João Dória, prefeito de São Paulo, com o Programa "Cidade Linda" neste ano, o qual apagou todos os grafites esculpidos em uma grande avenida paulista. Tal ação enfatiza os obstáculos vivenciados pelos artistas contemporâneos, como a ausência de reconhecimento de suas artes e expressividades culturais. Por isso, é necessário entender que a arte urbana é um patrimônio social e deve sim ser exposta em locais públicos com maior fluxo populacional, possibilitando uma disseminação artística livre de repressões.             A busca por tal liberdade marcou grandes histórias brasileiras, como a música "Cálice" de Chico Buarque, a qual criticava implicitamente o militarismo e sua exorbitante censura. Com o mesmo intuito, a exposição Queermuseu tinha o objetivo de apoiar uma reflexão sobre a comunidade LGBT. No entanto, muitas críticas direcionaram-se a esse modelo artístico pelo fato de algumas obras apresentarem apologia à pedofilia, zoofilia e ao preconceito religioso, as quais estão longe de serem estratégias ideais para o objetivo proposto, pois, ao invés de unificar os grupos sociais, acaba afastando-os. Destarte, a liberdade de expressão é um direito de todo cidadão, desde que este se una aos preceitos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.           Assim como os Tropicalistas utilizaram a criatividade para driblar a censura imposta pela ditadura militar, cabe aos artistas contemporâneos lutarem pela garantia de seus direitos artísticos. Para isso, o Ministério da Cultura deve criar centros referenciados para apoio aos artistas de rua, oferecendo suporte em locais públicos para a realização de suas obras, objetivando maior organização social. É imperativo que o Ministério da Educação promova projetos escolares, salientando o significado da arte como forma de expressividade cultural, a qual deve estar alicerçada nos direitos humanos, o que possibilitará a formação de cidadãos conscientes e humanizados. Diante do exposto, a arte brasileira poderá ser reconhecida como a miscigenação cultural necessária para a valorização dos ideais artísticos libertários.