Enviada em: 30/10/2017

No livro O Triste Fim de Policarpo Quaresma de Lima Barreto, Quaresma é um rapaz sonhador com um projeto ufanista para a nação canarinha. Entretanto, séculos mais tarde, o mesmo se desapontaria com sua pátria. Seja pela desumanização trabalhista e até mesmo pelo indiferente comportamento humano hodierno, o trabalho escravo persiste no coletivo, manchando o verde-amarelo da bandeira nacional.       Em primeiro lugar, cabe destacar a conturbada relação entre o trabalho e o operário. Segundo o sociólogo Karl Marx, ocorre uma alienação do processo trabalhista. Isto é, o labor deixa de ser voluntário e sim determinado pelas forças externas, fazendo com que o trabalhador perca a sua importância no processo produtivo. Dessa maneira, muitos indivíduos se submetem à condições insalubres de trabalho, inclusive escravas, pela falta de alternativa ou necessidades de sobrevivência. Logo, as relações de trabalho, antes orgânicas, passam a ser mecânicas pautadas exclusivamente no lucro.       Por outro lado, a postura contemporânea é consternadora no que tange a problemática. Sob a ótica de Zygmunt Bauman em seu livro Cegueira Moral, portamos atualmente a incapacidade de compreender os outros. Ao decorrer do tempo, deixamos de reagir ao sofrimento de outrem e então tornamo-nos insensíveis perante a realidade. Assim, com esse comportamento, o trabalho escravo é facilitado, principalmente no tocante à justiça, com a mudança no sistema de fiscalização que inviabiliza o enquadramento na conduta ilegal dessa prática.       Mediante os fatos supracitados, fica claro portanto, a premência da problemática entre a população tupiniquim. Por isso, é indispensável que o Estado, em especial o Superior Tribunal Federal, a efetividade da lei, assim como resguardado nos direitos dos trabalhadores na Constituição, além da punição daquelas empresas que usam o regime de escravidão em seus serviços. Cabe aos órgãos policiais, como a Polícia Federal, a contínua fiscalização de irregularização trabalhista e resgates daqueles que foram submetidos a elas. Já a mídia em parceria com o Ministério do Trabalho, pode com seu alcance propagandístico, divulgar e informar acerca dessa temática a fim de mudar a postura social dos cidadãos e facilitar o processo de denúncia. E, finalmente, consoantes tais medidas, honraremos o lema ordem e progresso, assim como orgulhar Policarpo Quaresma sobre o Brasil que sempre sonhara. Pois, caso contrário a nação ficará deitada eternamente em berço esplêndido.