Enviada em: 06/10/2017

Diferentemente de épocas passadas, nas quais o papel da mulher se restringia aos serviços domésticos, no século XXI a mulher passou a ter mais independência financeira e a se inserir, cada vez mais, no mercado de trabalho. Uma consequência desta mudança é a presença de um maior planejamento familiar, que se traduz na diminuição dos índices de natalidade. Escolher o momento ideal de ter filhos é essencial tanto para o futuro da criança quanto para o desenvolvimento da sociedade, porém o Brasil ainda precisa passar por cima dos desafios que comprometem o amplo e eficaz planejamento familiar.       A princípio, deve-se considerar que o principal desafio está na falta de informação que muitas mulheres, maioria de baixa renda e escolaridade, ainda mantem acerca de como prevenir uma gravidez indesejada. Muitas delas nunca nem foram instruídas a utilizar métodos contraceptivos quando se tem uma vida sexual ativa, outras desconhecem que o SUS ---sistema único de saúde---- os oferecem de forma gratuita e pensam ser inacessíveis a elas. A Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher (PNDS) confirmou esse cenário ao apontar que 46% das gravidezes não são planejadas.      No entanto, as consequências desse fato são relevantes. Isso ocorre porque a concepção não acontece no seu momento ideal, ou seja, os pais não estão em uma situação financeira adequada ou ainda não possuem o aporte psicológico e tempo necessário para cuidar do novo filho. Dessa forma, a criança nasce sem uma infraestrutura que favoreça seu pleno desenvolvimento social e sua educação, o que prejudica todo o seu futuro. Além disso, a gravidez indesejada aumenta a busca por abortos clandestinos, já que são legalizados apenas em circunstâncias específicas no país –estupro e feto anencefálicos--- e que podem levar estas mulheres ao óbito.      Portanto, fica clara a importância de um planejamento familiar que alcance toda a sociedade. Para isso, em primeiro lugar, as escolas públicas e privadas, devem estabelecer aulas de educação sexual que esclareçam a temática da gravidez, ao ensinar como ocorre, como prevenir e como escolher os métodos mais apropriados. Propagandas na mídia, incentivadas pelo ministério da saúde, podem ajudar a sinalizar os locais onde são distribuídos gratuitamente os contraceptivos e que todas as mulheres em idade fértil possuem direito a acessibilidade a eles. Campanhas publicitárias, que usem panfletos e cartilhas que exponham as consequências da gravidez não planejada, como possíveis problemas de saúde, educação e sociabilidade da criança, serão muito úteis na conscientização coletiva da necessidade do planejamento familiar.