Enviada em: 21/08/2018

Segundo o sociólogo Pierre Bordieu, em sua teoria sobre o “Habitus”, toda sociedade incorpora padrões impostos e os reproduz ao longo das gerações. Esse raciocínio de Bordieu se reflete na obtenção da cultura no Brasil: desigualdade das produções artísticas, pois desde o período colonial, apenas uma elite usufruía da arte europeia trazida para o país. Esse cenário de exclusão ainda persiste, seja pela falta de incentivos, seja por falta de investimentos do Estado em infraestrutura.            Em primeiro lugar, cabe analisar as dificuldades espaciais e financeiras, na questão da produção cultural no país. Segundo dados a ONU (Organização das Nações Unidas),70% das classes C e D acreditam que os preços altos são empecilhos na hora de usufruir dos bens culturais e 60% percebem os locais de exposição como distante onde moram. Esses dados mostram que não há igualdade de condições para ter contato com a cultura do país, já que as pessoas que moram nas periferias e em cidades pequenas têm dificuldade de acessar os espaços culturais, que em sua maioria está localizado nos centros das cidades, beneficiando a elitização da arte, proporcionando uma exclusão social.          Em segundo lugar, vale pontuar que a falta de investimentos do Estado em espaços culturais dificulta a resolução da problemática. Esse fato é comprovado pelos dados do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), dos 5560 municípios brasileiros,52% não tem livrarias ,22% não tem bibliotecas e 92% não possuem sala de cinema. Dessa forma, esses dados evidenciam que é de responsabilidade do Estado proteger e expandir o direito de todos os cidadãos, de acordo com o ideário do filosofo John Locke.            Fica evidente, portanto que o acesso à produção cultural no país necessita de investimentos para ampliar o acesso físico e intelectual. Torna-se imperativo que o Governo Federal, juntamente com o Ministério da Cultura, por intermédio de parcerias com empresas privadas, ofereça incentivos fiscais para diminuir os preços dos bens culturais e facilitar o acesso a espetáculos, com o objetivo de democratizar a cultura. Ademais os mesmos órgãos citados acima deverão criar mais bibliotecas, livrarias e salas de cinema, com o intuito de valorizar a arte brasileira. Assim será possível que a teoria do “Habitus” de Bordieu não se perpetuaria.