Enviada em: 30/04/2017

Uma questão negligenciada e ao mesmo tempo importante no Brasil é a da democratização cultural. A globalização e o próprio capitalismo se tornaram ferramentas nocivas para a sociedade nesse ponto, fazendo com que uma nação onde a pluralidade de ideias e costumes já é máxima se tornasse ainda mais separatista. Entretanto, como fazer com que essa segregação seja revertida em aceitação? Foi entendida, desde a sociedade clássica, a importância da cultura e sua capacidade de unificação em uma população. Entretanto, após o século XVIII, com o advento do capitalismo e, consequentemente, da globalização, tem-se visto um movimento segregacionista inverso ao proposto, tanto pela necessidade da autoafirmação, quando pela falta de reconhecimento como um ser capaz de gerar esses costumes. A dificuldade de se praticar a empatia, aliado ao fato de que esse preconceito, semelhante ao linguístico, torna-se ainda mais forte em um país com dimensões continentais, com nuances regionalistas muito fortes, faz com que a democratização se torne um problema ainda mais difícil de ser contornado. O óbice se agrava quando a escola, que deveria ser protagonista na conscientização cultural do cidadão, se posiciona alheia à situação. Ciências intimamente ligadas a essa ideia de democratização, como Filosofia e Sociologia, acabam entrando na grade curricular de forma tardia - quando o caráter sociopolítico do aluno já está construído - e não dialética, não despertando o seu interesse pelo debate crítico e, assim, desestimulando-o a crescer socialmente. Tudo isso contribui para criar indivíduos passivos, meros reprodutores do que lhes é imposto.  Fica claro, portanto, o quanto a globalização serviu para, ironicamente, ferir a democracia cultural. Torna-se necessário uma revisãono plano escolar básico por parte do Legislativo e dos centros educacionais, com grades que incluam a Filosofia e a Sociologia já no ensino fundamental e de forma menos teorizada, buscando complementar a formação crítica da criança com debates acerca de situações cotidianas, não apenas com fatos históricos. Assim será criada uma geração mais solidificada e que tenha a capacidade tanto de se reconhecer como gerador de cultura, quanto de aceitar a visão de outros indivíduos.