Enviada em: 29/04/2017

O processo de colonização do território brasileiro esteve atrelado à participação do índio, do negro e do branco europeu na construção de uma cultura genuinamente nacional, por intermédio do sincretismo de suas crenças, valores e modos coletivos de agir e pensar. Conquanto, apesar da Constituição Federal de 1988 assegurar o pleno exercício dos direitos culturais, é evidente que a democratização dessa ampla diversidade cultural ainda não é realidade no Brasil. Destarte, é importante desenvolver projetos que conjuguem a parceria entre o Estado, a iniciativa privada e as organizações não governamentais para reverter esse cenário.     Em primeiro lugar, é fundamental pontuar que o aspecto financeiro exerce papel preponderante na fruição desigual dos bens, serviços e produtos culturais. Prova disso, é que segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), 71% dos cidadãos consideram os altos preços dos ingressos como o maior empecilho para o consumo democrático da cultura, o que é intensificado pelas discrepâncias socioeconômicas intrínsecas ao país. De maneira análoga, a má distribuição geográfica dos teatros, museus e livrarias – concentrados, principalmente, nas áreas mais urbanizadas – dificultam o transporte e a locomoção dos indivíduos que residem regiões distantes para aqueles locais. Com isso, o acesso à cultura fica restrito aos grupos privilegiados e detentores de maior poder aquisitivo em detrimento dos setores de baixa renda.     É válido ressaltar ainda, que a democratização da cultura envolve também a oferta de possibilidades para que a sociedade não só tenha acesso aos patrimônios culturais material e imaterial, mas saiba interpretar e compreender a linguagem artística. Tal entendimento efetivo do valor das manifestações culturais, entretanto, nem sempre ocorre, uma vez que a educação precária no contexto hodierno impossibilita a transmissão adequada do conhecimento sobre a cultura popular nas aulas. Dessa maneira, as festas folclóricas, as danças e a culinária típica regional não recebem o enfoque devido e os estudantes perdem o interesse pela cultura por não a entenderem.     Fica evidente, portanto, a necessidade de implementação diretrizes que formulem mudanças para solucionar esse impasse. Assim, o Ministério da Educação deve subsidiar saraus, festivais e fóruns de debate nas escolas a fim de valorizar a pluralidade cultural e incentivar o aprendizado dos códigos artísticos. Concomitantemente, a iniciativa privada juntamente com as ONGs deve criar espaços com infraestrutura voltada à expressão da cultura local das comunidades carentes, visando reduzir as desigualdades no acesso à cultura. Com isso, a disseminação da produção cultural será efetivada.