Enviada em: 25/05/2017

Apartheid cultural   Em 1985, no Governo José Sarney, o Ministério da Cultura foi criado, visando valorizar o patrimônio material e imaterial do país. Conquanto isso tenha possibilitado que a população fique mais perto de seus costumes, cabe, infelizmente, questionar, mais de 30 anos depois, até que ponto esse acesso existe.    O Renascimento - apesar de ser conhecido como um movimento de ruptura com a cultura de forma geral - já apresentava um fato que iria refletir até o século XXI: a produção cultural financiada pela elite. Os indivíduos com menor poder aquisitivo não possuem acesso a essa forma de manifestação do povo, tanto pelos altos custos quanto pela distância de museus e teatros das áreas periféricas. Fazem-se necessárias, então, medidas governamentais que amenizem tal apartheid cultural.     Por conseguinte, o desafio de democratizar a cultura contribui com a marginalização social. Já é comprovado o quanto costumes artísticos podem contribuir com a diminuição da vulnerabilidade social. No Brasil, um exemplo é o Projeto Casulo que acontece em São Paulo, em que atividades como teatro, dança e oficinas de leitura são proporcionadas aos jovens, que, na maioria dos casos, despertam interesse por esse universo. Logo, a cultura também é uma forma de elevar os índices de desenvolvimento do país.     Fica evidente, portanto, a urgência pelo acesso cultural igualitário. Cabe ao poder público incentivar financeiramente ONG's e o próprio Ministério da Cultura para a realização de projetos como o Casulo, a fim de que as áreas periféricas tenham a oportunidade de estar em contato com a produção cultural. Paralelamente a isso, as escolas devem estimular a produção de saraus artísticos em todas as séries, em prol de que os estudantes percebam a importância desses costumes ao longo da vida escolar. Só assim o acesso à cultura será, de fato, universalizado, acabando com o apartheid cultural vigente.