Enviada em: 15/08/2018

A Revolução Verde, iniciada na 2ª metade do século XX, proporcionou um aumento exponencial na produção de alimentos, com as inovações tecnológicas do período. Decorridas décadas desde essa marco, a grande quantidade de produtos alimentícios, entretanto, não garantiu o acesso a uma alimentação de qualidade entre os brasileiros, levantando diversos debates acerca dos maus hábitos à mesa no país. Nesse sentido, fatores de ordem educacional, bem como social, caracterizam os dilemas relacionados à alimentação no Brasil.    É importante pontuar, de início, a negligência escolar quanto à nutrição dos jovens. À guisa do filósofo Kant, o ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele, sendo as escolas fundamentais nesse processo. Grande parte do meio estudantil brasileiro, porém, promovem uma falha formação cidadã ao omitir, nas salas de aula, temas como a alimentação saudável. Nesse contexto, o desamparo escolar acerca dos bons hábitos alimentares acarreta uma população mais ignorante e descuidada quanto aos alimentos ingeridos. Essa realidade é ratificada pela Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, do IBGE, que concluiu que o brasileiro come pouca quantidade de hortaliças e frutas, comprometendo sua saúde e bem-estar.    Outrossim, tem-se a influência do modo de vida contemporâneo nos desafios quanto à alimentação. Conforme o pensamento de Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, a modernidade é marcada pela fluidez e rapidez de suas transformações sociais. Nesse sentido, os indivíduos, imersos em um mundo cada vez mais acelerado, comprometem o tempo para as refeições na correria do dia a dia. Com isso, ganha destaque no mercado alimentos pré-cozidos e o chamado fast-food, ricos em gorduras e açúcares, para atender uma demanda que quer prontidão e velocidade na hora de comer. Assim, nota-se a forte relação de um cotidiano acelerado com a deterioração da alimentação no país.    É notória, portanto, a relevância de fatores educacionais e sociais na problemática supracitada. Nesse viés, cabe às escolas, em consonância com a mídia, orientar a população acerca da importância de uma alimentação saudável. A ideia da medida é, a partir de palestras e debates nas salas de aula, além de propagandas educativas e telenovelas que abordem o assunto, construir uma consciência coletiva acerca dos bons hábitos alimentares, garantindo uma melhor qualidade de vida aos brasileiros. Ademais, é dever do Ministério da Saúde alertar a população sobre os riscos do modo de vida contemporâneo na alimentação. Essa intervenção deve contar com campanhas nos veículos de comunicação e diálogos esclarecedores nos postos de saúde a fim de destacar o valor das refeições,  minimizando o consumo de alimentos pré-cozidos e fast-food entre os cidadãos.