No contexto das Grandes Navegações, século XV, diversos relatos indígenas descrevem a figura dos colonos como “monstruosas”, pelo fato desses apresentarem características de sangramentos nas gengivas, lesões na pele e acentuada irritabilidade, as quais dificultaram o contato harmônico com as tribos indígenas. Posteriormente, percebeu-se que tais aspectos relacionavam-se à doença escorbuto, muito comum na situação de precariedade alimentar das navegações da época. Posto isso, é possível destacar a importância que a alimentação possui na vida dos indivíduos, sendo essa fundamental para formação de uma população saudável e para manutenção das relações sociais no cenário brasileiro. Inicialmente, é necessário atinar para os desafios relacionados ao contexto alimentício do Brasil, visto que muitos segmentos sociais ainda vivenciam uma situação de insegurança alimentar. Nessa perspectiva, destaca-se que muitas comunidades periféricas e rurais apresentam-se marginalizadas, sendo menosprezadas pelo governo, o qual não as assegura políticas de tratamento de água e de auxílio alimentar necessárias à manutenção de uma vida digna. Desse modo, percebe-se que o cenário insalubre das Grandes Navegações ainda se faz presente em certas comunidades brasileiras, posto que esses indivíduos encontram-se assolados pela fome e por doenças sanitárias, as quais limitam a sua participação em sociedade e impossibilitam, assim, a modificação da sua condição social. Ademais, é válido ressaltar para a questão dos hábitos alimentares brasileiros, uma vez que a população apresenta-se direcionada pelas características da consumação pós-moderna. Nesse âmbito, pode-se destacar o conceito de "sociedade de consumo", do filósofo Bauman, o qual associa a compra de produtos à felicidade, atrelando um valor simbólico ao consumismo que ultrapassa a necessidade humana. Dessa forma, percebe-se que a comida encontra-se mercantilizada na atual conjuntura do país, uma vez que as famílias tendem a consumir determinadas marcas alimentícias no intuito de suprir suas demandas sociais, não se preocupando, contudo, com o caráter nutricional desses alimentos, fomentando, assim, o surgimento da obesidade e de doenças cardiovasculares em sociedade. Torna-se evidente, portanto, que a alimentação saudável, apesar de fundamental, encontra inúmeros desafios no cenário brasileiro. Em vista disso, faz-se necessário que o Governo promova melhores condições sociais para comunidades carentes e rurais do país, por meio de ações afirmativas e projetos médico-sanitários, que visem romper com a situação insalubre de vida desses indivíduos. Semelhantemente, ONG's e escolas devem, com campanhas educacionais, disseminar o consumo consciente pelas famílias, a fim de estimular hábitos nutritivos e impedir, assim, que a negligência alimentar impossibilite, como nas Grandes Navegações, relações harmônicas entre os indivíduos.