Enviada em: 31/08/2017

No ano de 2016, a ONU organizou uma série de metas em um evento sobre nutrição, que visava a redução da obesidade na América Latina. Esse fenômeno histórico marca a transição alimentar que esses países atravessam, em que o número de obesos já ultrapassa os indicadores de fome. Fatores de ordem educacional, bem como social, caracterizam o dilema da alimentação na atualidade.    É importante pontuar, de início, a influência acadêmica na deterioração das práticas alimentares brasileiras. À guisa do pensamento kantiano, o ser humano é tudo aquilo que a educação faz dele, e as escolas brasileiras falham no ensino aplicado ao se omitirem frente à questão da obesidade. Nesse contexto, a inexistência de projetos no meio estudantil voltados a uma alimentação saudável fomenta um comportamento negligente de jovens e adultos à mesa. Tal fator é corroborado por pesquisas recentes da revista científica Lancet, que apontaram o Brasil como o quinto país com mais obesos, evidenciando um quadro já epidêmico de obesidade entre os brasileiros.    Outrossim, tem-se o modo de vida contemporâneo como propulsor do ganho de peso nos cidadãos. Conforme o sociólogo Zygmunt Bauman, a modernidade é marcada pela fluidez de suas relações e pela rapidez das transformações. Nesse sentido, os indivíduos, imersos em um mundo cada vez mais frenético e estressante, tendem a desvalorizar as refeições, consumindo alimentos de fácil preparo e alto teor calórico. A ascensão do chamado "fast-food", rico em açúcares e gorduras, exemplifica bem a degradação do hábito alimentar nas sociedades, que corrobora com o crescente número de obesos no planeta.