Enviada em: 07/09/2017

Em uma realidade caracterizada por práticas capitalistas, o consumismo possui uma relação direta com os avanços tecnológicos, os quais influenciam na capacidade de reflexão de um cidadão. Desse modo, juntamente com os cartões de crédito ou o cheque especial, os "smartphones" e a mídia formam uma combinação responsável pelo endividamento, principalmente de jovens iniciantes no mercado de trabalho.         Nesse contexto, dentre outros fatores que podem conduzir ao desequilíbrio financeiro, encontram-se a oferta de crédito facilitado e o excesso de marketing sob produtos e serviços, bem como a compulsividade aliada a ilusão de felicidade. Essas questões contribuem para a formação de adultos passíveis aos padrões impostos, dotados de um significativo déficit de senso crítico financeiro. Consequentemente, esses cidadãos em processo de amadurecimento possuem maiores riscos de atuarem na educação das crianças de maneira irresponsável, uma vez que, conhecedoras do mercado, elas são capazes de influenciar os hábitos de consumo de uma família, ditando suas próprias regras para os objetos desejados.          De maneira análoga, pode-se citar o fenômeno da obsolescência programada, uma estratégia de mercado desenvolvida após a crise de 1929, cujo objetivo consiste em movimentar a economia e aumentar o consumo a partir da redução da vida útil dos produtos. Essa condição, além de ser prejudicial ao meio ambiente, haja vista o descarte em massa de eletrônicos ou outros produtos elevando a quantidade de lixo produzido, assemelha-se a um princípio observado em grandes empresas, especialmente as do ramo tecnológico, como a Apple. O lançamento anual dos dispositivos móveis faz com que o consumidor sinta que sua aquisição anterior precise ser substituída por uma versão mais atual do produto.          Portanto, é evidente que o consumismo tornou-se um problema coletivo. Nesse aspecto, a fim de evitar oportunidades ilusórias que levem o comprador a ultrapassar seu orçamento, as instituições financeiras devem tornar as análises de crédito mais rigorosas, fornecendo um limite equivalente ao valor da renda, idade e possibilidade para imprevistos. Ademais, a publicidade dirigida à criança e ao adolescente carece de uma regulamentação específica criada pelo Legislativo, a fim de se evitar abusos, como a indução de compras de "fast-food" que contém um brinquedo. Por fim, como já vem ocorrendo, as fabricantes de eletrônicos podem oferecer descontos na troca do dispositivo usado, para o reaproveitamento das peças ou até mesmo um descarte adequado para o equipamento.