Enviada em: 09/09/2017

"Pense, fale, compre, venda". Esse trecho, retirado da música "admirável chip novo" da cantora Pitty, evidência a influência do consumo e mercado em nossa sociedade. Todavia, esses estímulos constantes, por vezes, são precursores de problemáticas tanto coletivas quanto individuais. Nesse contexto, o Brasil possui entraves estruturais e sociais que precisam ser repensados.    Primeiramente, deve-se pontuar o papel da indústria cultural dentro dessa questão. Adorno, filósofo alemão, propõe esse setor enquanto estratégia do capitalismo para homogeneizar gostos, ideias e atividades de entretenimento. Nessa perspectiva, é instituído ao cidadão, muitas vezes, a relação entre os bens que adquire, os serviços que utiliza e seu status e afirmação dentro da sociedade. Desse modo, é gerado, em muitos caso, um consumismo inconsciente, visto a necessidade alienada de se encaixar ao padrão estabelecido pelo mercado. Contudo, aos que não conseguem ou possuem meios de se adequar a essas exigências, a consequência direta é a coerção social e marginalização, construindo-se uma estratificação prejudicial ao bem-estar coletivo.    Ademais, é preciso ressaltar a influência desses hábitos no aspecto da realização individual. Bauman, pensador polonês, define as relações humanas da pós-modernidade enquanto "líquidas", visto suas superficialidade e imediatismo. Nesse sentido, tal conceito é evidenciado no modo como, muitas vezes, as pessoas consomem objetivando não só ter a certeza de estar adquirindo a inovação mais atual, mas também na associação direta entre felicidade e a compra de tais serviços e objetos. Dessa forma, na medida em que na contemporaneidade o "novo" está em constante mudança, são criados paradigmas- como moda, estética ou hábitos alimentares- inalcançáveis ao individuo. O resultado é uma gama de brasileiros marcados pela frustração entre esses modelos e a realidade palpável, traduzindo-se em distúrbios como ansiedade, depressão e sensação constante de " mal-estar".       A nação, portanto, vive um quadro crítico que precisa ser revertido. Logo, é essencial a atuação dos Ministério da Educação junto às escolas públicas e privadas. Desse modo, com a inserção nas grades escolares do estudo de mídia, visando orientar a respeito da indústria cultural e minimizar sua influência negativa ao indivíduo, a fim de gerar melhor reflexão crítica e menor alienação frente ao consumismo. Também é necessária a ação de ONG´s junto a redes sociais, como "Facebook" e "Twitter". Dessa forma, com a veiculação de campanhas em vídeo que objetivem desconstruir a relação falaciosa de sinônimo entre consumo e felicidade. Assim, no intuito de salientar a incompatibilidade dos padrões estabelecidos com a realidade, diminuindo o sentimento de frustração e patologias colaterais. Talvez, com essas medidas, coíba-se os efeitos nocivos desse consumismo em nosso território.