Enviada em: 02/04/2018

Desde o advento do neoliberalismo, do capitalismo informacional e da globalização, no século passado, espraiou-se pelo Brasil um nova estrutura econômica, que, por seu turno, deu aos cidadãos brasileiros mais poder de compra, mudando as relações de consumo. Em razão disso, a comunidade contemporânea passou a ser chamada de "sociedade de consumo", que preconiza o ter em detrimento do ser. Desse modo, consumir passou a ser uma necessidade indispensável à existências das pessoas, que, por assim dizer, tornaram-se consumistas, pois, compram além do que precisam.       Sob esse viés, não se pode desconsiderar a influência das propagandas televisas nos hábitos de consumo da população, que, uma vez assediada pelo merchandising, age impulsivamente para, diante de mais uma compra, alcançar a eudaimonia e o hedonismo, que no pensamento grego antigo era reputado como felicidade e prazer, respectivamente. Para Platão, o desejo exacerbado pode conduzir o indivíduo às práticas más. E, de fato, o consumismo ensejado pelo prazer é um péssimo hábito, isto é, não é bom.     É possível constatar a veracidade da assertiva platônica nos efeitos nocivos do costume impulsivo de adquirir produtos e serviços sem precisar deles. À guisa de exemplo, é oportuno ressaltar que mais de 60 milhões de brasileiros estão com alguma conta em atraso e com restrição no CPF para contratar créditos ou fazer compras parceladas, segundo o Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) e Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL). Não obstante, essas consequências são também vislumbradas na coisificação das pessoas, nas relações de bolso, de acordo com Bauman.     Em face do exposto, para mudar os hábitos consumistas dos brasileiros, é necessário, portanto, que os indivíduos empreendam o gerenciamento das finanças pessoais, por meio de planilha de receitas e despesas, para que evitem o consumo além do necessário e das próprias possibilidades. Ademais, cabe ao Ministério da Economia promover a reedução financeira da sociedade, mediante propagandas que auxiliem na conscientização do consumo responsável, para que se tenha uma vida financeira saudável.