Enviada em: 09/04/2018

Na década de 90, o Brasil presenciou a estabilização de sua moeda e a inserção competitiva em seu comércio por meio, respectivamente, do controle da hiperinflação e da abertura do mercado aos produtos estrangeiros. Somados à ampliação da classe média e aumento do salário mínimo nos anos seguintes, tais fatos geraram uma notável exponenciação do poder aquisitivo do país. Entretanto, decorrentes desse processo abrupto, problemas como a compra impulsiva e desnecessária, bem como o endividamento, acabaram por se tornar marcantes na vida econômica do brasileiro e, até os dias atuais, apresentam-se como dificuldades muito evidentes e passíveis de urgente intervenção.   Em primeira análise, salienta-se que a ânsia do consumo perdeu sua relação com as reais necessidades do homem. Quando o sociólogo Jean Baudrillard afirma que os objetos são signos de uma pretendida ascensão social e necessidade de pertencimento ao grupo, ratifica-se o caráter estabelecedor de status e poder que o consumir carrega consigo. Dessa forma, a compra de um produto tido como importante por um grupo social produz uma imediata sensação de prazer e realização, envolvendo o indivíduo em uma áurea de efêmera felicidade, que o incita a adquirir itens  identificados, diversas vezes, como desnecessários ou fora de seu orçamento.   De maneira análoga, com a facilidade de crédito oferecida por operadoras de cartões e instituições financeiras, criou-se a ilusão de que as pessoas não precisam mais esperar ou se programar a fim de realizar seus ditos "sonhos de consumo". Comprova-se, portanto, que o imediatismo enraizado nas relações da sociedade pós-moderna incita o consumidor a entrar em um ciclo vicioso de parcelamentos e dívidas, com a finalidade de suprir seu desenfreado ímpeto de ter cada vez mais. Essa prática revela--se alarmante pois, de acordo com o Serviço de Proteção ao Crédito, cerca de 59 milhões de brasileiros encontravam-se em situação de inadimplência no ano de 2017.   Urge, portanto, a necessidade de mudança nos hábitos de consumo do brasileiro. Logo, cabe ao Governo Federal, por meio do Ministério da Educação, remodelar a grade curricular das escolas a fim de se inserir disciplinas como a de educação financeira, no intuito de instruir os alunos a como criar e manter orçamentos condizentes às suas realidades. Ademais, é de suma importância que essas aulas também abordem assuntos como as tentações oriundas das políticas de crédito e os malefícios que o consumismo pode trazer à saúde financeira, social e psicológica de um indivíduo. Assim, com cidadãos  instruídos e esclarecidos, espera-se formar uma geração de consumidores mais conscientes que irão propagar suas novas práticas à posteridade.