Enviada em: 06/04/2018

"Compre batom". "Beba Coca-Cola". O uso do imperativo nas campanhas publicitárias revela o caráter impositivo sobre os consumidores. Tal estratégia transforma o hábito de consumir, inerente às sociedades capitalistas, em consumismo. Resta, então, discutir como a mídia e as mudanças sociais contribuem negativamente para o poder de compra do brasileiro.   Em primeiro lugar, é fundamental apontar que, no Brasil, a expansão de crédito e, muitas vezes, a ausência de educação financeira geram um consumidor patológico. Segundo o IBGE, apenas 28% dos brasileiros consomem conscientemente. Tal fenômeno é perceptível pelo crescente número de endividados no país. Nesse sentido, no campo psicossocial, esse hábito desenfreado atrela-se na pressão social por status.   Outro fator preocupante, é a histórica influência do marketing. Durante muito tempo, o Conar regulamentava propagandas. Todavia, na contemporaneidade, os influenciadores digitais contribuem expressivamente para "tornar úteis coisas supérfluas e necessárias as coisas úteis" - conforme tal ideia que Montesquieu já tornava máxima no século XVIII. Diante disso, cabe, então, aos responsáveis pelas plataformas digitais, como o YouTube, controlar tais atitudes, especialmente, ao serem dirigidas ao público infantil.     Visando o consumo equilibrado; portanto, a gestão do Estado é basilar para a construção de um consumidor consciente. Tal situação será possível a partir da criação de leis que tanto acrescentem aulas de educação financeira na grade escolar quanto limitem uma taxa máxima de endividamento nas instituições financeiras. Por fim, a própria sociedade deve denunciar aos órgãos competentes, caso tais leis não se cumpram, para que haja, efetivamente, uma relação positiva mediante ao consumo e não um hábito patológico.