Enviada em: 06/09/2018

A figura do médico e sua área ganharam extrema importância no cenário brasileiro, médicos culturalmente são vistos como semi-deuses, perfeitos e formadores da nata social. A mitificação desse ramo pressiona os profissionais, por consequência eles são vistos como incapazes, caso não concluam uma função perfeitamente, a questão é como imputar culpa e definir critérios para punir os verdadeiros erros na prática da profissão.       Uma barreira, que "retira" certa culpa em erros, são os problemas estruturais, o pequeno investimento do governo federal na saúde é o maior deles, apenas 3,6% do orçamento nacional foi destinado a área em 2018, bem abaixo da média mundial (11,7% de acordo com a Organização Mundial da Saúde). Isso causa um efeito cascata: grandes filas em setores emergenciais; concentração em certas regiões e falta de médicos em outras, criando certa sobrecarga ao sistema e profissionais dispostos.       Mas há fatores que apontam de forma mais direta para esses erros, segundo o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), quase 40% dos recém-formados falham no seu exame, duas em cada dez faculdades de medicina não atingiram a nota esperada no exame nacional de desempenho de estudantes, esses números representam a má formação desses profissionais, e tem como produto erros grotescos nos consultórios.       Esses dados apresentados tem como resultado 148 mortes por dia no Brasil, 1 em cada 6 diagnósticos está errado, nos Estados Unidos (um sistema melhor que o brasileiro), os erros médicos representam  a terceira maior causa de mortes. Esses números corroboram a teoria de que apenas punir e julgar como vem sendo feito não é algo eficiente.       Já existem punições para os casos considerados como erros médicos (conselhos de ética e punições penais), porém são ineficientes, as punições só serão levadas a sério e serão eficientes quando atingirem para além da figura do médico, são necessárias investigações profundas que de alguma forma garantam a punição tanto dos profissionais quanto dos outros agentes envolvidos que permitiram que tal situação chegasse ao ponto de gerar erros que atingem diretamente a vida da população.