Enviada em: 06/10/2018

Apesar de ser uma ciência baseada em teorias devidamente comprovadas e aprimoradas por milênios, na prática, o exercício da medicina ainda é passível de erros. Doses alteradas, procedimentos mal executados e diagnósticos errados são comuns no contexto hospitalar. Esse quadro de falhas médicas na conduta com pacientes é fruto, principalmente, de exorbitantes cargas horárias impostas aos profissionais - em alguns casos-, e, em outros, de negligência do próprio médico.    Pode-se afirmar que a combinação de jornadas abusivas e intensa pressão psicológica sobre os médicos podem acentuar consideravelmente as possibilidades de erros. Consoante Aristóteles, "o prazer no trabalho aperfeiçoa a obra’’. No entanto, com a exaustão mental e física, é aumentada a incidência de erros evitáveis, o que afeta negativamente a eficácia e a disponibilidade dos médicos, bem como a segurança do paciente. Dessa forma, a grande incidência de equívocos na conduta médica evidencia o descaso do Estado com os profissionais, e a resignação da população frente à situação tende a agravar a mazela.    Entretanto, apesar de fatores externos influenciarem a questão, não deve ser desconsiderada a responsabilidade individual, ética e profissional do médico. Isso porque, devido a não fiscalização eficaz do Estado, muitos profissionais praticam a medicina de maneira insensata, colocando a sociedade em risco. Esse fato se comprova com o caso do ‘’Doutor Bumbum’’, que, deliberadamente, realizava procedimentos estéticos em sua residência, indo de encontro com normas éticas e legais que regem a prática da medicina e levando ao óbito inúmeras mulheres. Desse modo, é urgente a efetiva responsabilização criminal de médicos que agem de maneira inobservante, sendo necessária a  intervenção do Estado.     Infere-se, dessa maneira, que para que haja a mitigação de erros no contexto medicinal, há entraves que necessitam ser revertidos. Assim, o Ministério da Saúde, em parceria com as Secretarias Municipais da área, devem investir na contratação de mais profissionais médicos, além de elaborarem projetos que visem a maior eficiência da gestão dos hospitais, de modo que seja evitada a sobrecarga sobre os responsáveis diretos pela vida dos pacientes. Ademais, cabe ainda ao Estado a criação de órgãos e entidades competentes que detectem irregularidades no exercício da medicina, além de uma maior na rigidez na punição legal contra os que cometem atrocidades contra a vida humana, a fim de que esse mal seja mitigado; pois, segundo Confúcio: ''Não corrigir nossas falhas é o mesmo que cometer novos erros''.