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Enviada em: 14/05/2019

A série The Resident retrata o cotidiano do Chastain Park Memorial, um hospital localizado em Atlanta nos Estados Unidos. Na trama, Randolph Bell - o cirurgião chefe - comete inúmeros erros, mas utiliza sua influência para encobri-los e continuar impune. Assim como ocorre na ficção, a negligência médica se tornou um problema substancial na sociedade brasileira. A despeito do avanço tecnológico, que influenciou positivamente na saúde, os médicos ainda se configuram como especialistas de extrema importância na aplicação do tratamento ao paciente. Todavia, o crescimento das diligências por parte desses profissionais atingem, atualmente, níveis alarmantes, o que exige uma discussão dos fatores corroborantes a essa problemática.      Em uma primeira instância, observa-se a importância de analisar o problema sob um viés quantitativo. Um estudo realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) revelou que a cada meia hora seis pessoas morrem por erros médicos, falhas assistenciais e processuais ou infecções nos hospitais brasileiros. A pesquisa aponta ainda que quatro desses óbitos poderiam ser evitados com a realização dos procedimentos corretos. Neste sentido, é importante salientar que a falta de equipamentos e condições básicas de trabalho resultam na piora do atendimento e se constituem, portanto, como fatores determinantes no aumento do número de mortes por negligência médica.          Outrossim, convém ressaltar que, ao se sujeitarem ao Código de ética, os médicos assumem total responsabilidade por suas ações. Assim, procedimentos que coloquem a vida do paciente em risco ou acarretem sequelas irreversíveis não podem ser desconsiderados, mas submetidos à punição criminal. A indispensabilidade da medida se mostra consoante ao pensamento do filósofo Rousseau, que creditava à constitucionalidade a garantia de uma convivência justa e pacífica na sociedade. É preciso, portanto, que haja o extermínio da imunidade profissional de forma que todos estejam subordinados às mesmas leis.        Desta forma, torna-se imprescindível a adoção de políticas mediadoras a fim de contornar essa realidade. A intervenção do Estado em prol da segurança de todos os cidadãos se torna concebível a partir da criação de políticas públicas que visem maiores investimentos no Sistema Único de Saúde (SUS). É dever do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Ministério da Saúde, criar cursos de aprimoramento e a aplicação de exames periódicos para que os médicos se mantenham atualizados acerca das novas tecnologias e a taxa de erros seja reduzida. Somado à isto, cabe aos hospitais públicos e privados a criação de um portal no qual os pacientes possam avaliar o atendimento de forma que essas informações possam ser utilizadas na formação de diretrizes de melhorias na saúde.