Enviada em: 19/10/2019

Na obra " Cegueira Moral", do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, é relatada a falta de sensibilidade da sociedade em meio às dores do indivíduo, em conjunto com a ausência de sentido da palavra comunidade, em um mundo imerso no individualismo. Nesse contexto, ao se analisar a questão da alienação parental, percebe-se que a indiferença descrita por Bauman está extremamente presente nos problemas do século XXI. Esse cenário é fruto tanto da falta de políticas públicas eficientes, quanto da falta de senso parental. Diante disso, torna-se fundamental a discussão desses aspectos, a fim de que se retome o sentido da palavra comunidade ainda nesse século.      Precipuamente, é fulcral pontuar que a alienação parental deriva da baixa atuação dos setores governamentais, no que concerne à criação de mecanismos que coíbam tais recorrências. Segundo o pensador Thomas Hobbes, o estado é responsável por garantir o bem-estar da população. Entretanto, isso não ocorre no Brasil, devido a falta de atuação das autoridades, no acompanhamento psicológico de pais que passam por separação. Em consequência disso, os pais usam as crianças como armas e escudos em relacionamentos com términos conturbados, o que leva ao aparecimento de problemas psicológicos graves na criança, em exemplo, a depressão pelo sentimento de culpa ou a aversão por um dos genitores. Desse modo, faz mister a reformulação dessa postura Estatal de forma urgente       Ademais, é imperativo ressaltar a falta de sensibilidade dos progenitores como promotor do problema. Conforme o sociólogo alemão Ralf Dahrendorf no livro "A lei e a ordem", a anomia é a condição social em que as normas reguladoras dos comportamentos das pessoas perdem sua validade. De forma análoga, nota-se que as leis que regulamentam a preservação da prole encontram-se em estado de anomia, pelo fato de serem infringidas constantemente por casais em separação. Em decorrência desse pressuposto, não há um apoio parental ao filho que se vê entre uma separação, pois de acordo com uma pesquisa do portal de notícias G1, 72% dos divórcios que envolvem filhos terminam com a manipulação da criança por um lado. Por certo, essa atitude contribui para esse quadro deletério.         Portanto, é possível defender que medidas econômicas e sociais constituem desafios a se superar. É fundamental, em vista disso, que o Ministério da Família proporcione a criação de leis, a serem aprovadas pelo Senado, que obriguem aos pais que estejam em processo de separação, a realizarem acompanhamento psicológico, por meio de consultas semestrais, para que se possam orienta-los e acompanha-los quanto as atitudes com seus filhos. Essas consultas poderão ter a participação dos filhos, para que se tenha maior eficiência na orientação. Desse modo, atenuar-se-á o impacto nocivo da alienação parental e a coletividade contornará a "Cegueira moral' de Bauman.