Enviada em: 19/06/2019

A franquia "Harry Potter" mostra como o uso irrestrito de "poções", espécie de remédio na série, causavam graves problemas físicos e psicológicos nos personagens. Fora da ficção, por causa da estimulação ao uso continuo e incondicional de medicamentos que muitas vezes não são necessários, a indústria farmacêutica apresenta perigo para a população. Com efeito, deve-se analisar como a publicidade e a omissão do estado agravam esse problema.   Em primeiro plano, fica evidente que a propaganda indiscriminada de remédios é um fator relevante nesse impasse. Adorno e Horkeheimer - filósofos da Escola de Frankfurt - afirmam que a indústria cultura, através da publicidade, fomenta o desejo de consumo compulsório nas pessoas. Nesse contexto, pessoas com alterações corriqueiras em seu funcionamento fisiológico são impulsionadas por propagandas para adquirir remédios. Nessa lógica, apontada pelos filósofos, em que a venda do produto é mais importante que sua necessidade, a indústria farmacêutica traz perigos para os cidadãos.   Outrossim, a negligência do estado também é uma das causas do problema. Para Karl Marx, o capitalismo, através do estado, prioriza o lucro em detrimento dos valores. isso fica claro, por exemplo, na relação de lobismo, em que grupos farmacêuticos têm influências nas decisões do poder público. Nesse contexto, a afirmação de Marx demonstra que a subordinação do estado por empresas farmacêuticas traz à tona um dos problemas da modernidade: o perigo do uso sem restrições de medicamentos.    Urge, portanto, ações para mitigar o problema. O CONAR (órgão regulador de publicidade) deve, por meio de fiscalização e aplicação de multas, limitar o número de propagandas de medicamentos nas mídias, para que essas empresas não abusem do poder publicitário em incentivar as pessoas na compra de remédios sem necessidade. O Poder Legislativo, por sua vez, deve, por meio da Câmara dos Deputados e do Senado, propor um projeto de lei para limitar a influência das indústrias farmacêuticas nas decisões do Estado. Essa medida, teria o intuito de atenuar a influência que os grupos farmacêutico têm nas decisões do governo. Dessa maneira, o uso irrestrito de medicamentos ficaria limitado apenas à ficção.