Enviada em: 04/07/2019

Em Memórias Póstumas de Brás Cubas, como a última tentativa de glória do protagonista, tem-se a criação, por um homem pouco conhecedor da medicina, o Emplasto. Evidente que o defunto autor não priorizava o bem estar comum mas a sua elevação pessoal a um inventor, nota-se a crença de capacidade democrática o da automedicação e o fornecimento aos remédios, o caráter mercantil. Desse modo, o supracitado demonstra que os perigos da indústria farmacêutica se concretizem na supervalorização comercial das drogas adicionado a desinformação da população.   No contexto relativo a automedicação, a venda exacerbada de medicamentos fornece, às pessoas inaptas, a ilusão de que o acompanhamento médico não é vital num quadro clínico. Segundo dados do ICTQ, oito em cada dez brasileiros têm o hábito de prescreverem remédios por conta própria. Tal informação se concretiza no cenário em que à população são vendidos drogas portadoras de um princípio ativo combatedor dos sintomas de doenças, não necessariamente as próprias, o que pode vir a agravá-las pelos maus hábitos do próprio paciente, de modo que depois o profissional tenha um árduo trabalho a ser desenvolvido. Assim, é incontestável que deve ser barrado a ação do mercado farmacêutico em alimentar os maus hábitos gerais a fim de da melhorar a qualidade sanitária da própria massa popular.   Somado a isso, é possível destacar o malefício criado no fluxo comercial que nega algo que deveria ser uso e bem comum: o direito a saúde. Segundo a teoria Marxiana em "O Capital", o predomínio do valor de troca faz com que sua utilidade seja sobreposta pelo valor monetário. A partir disso, é inegável que cada vez mais os produtores farmacêuticos priorizem não mais saciamento às necessidades populacionais mas o pessoal conforme suas vendas. Políticas como a supervalorização da patenteação de princípios ativos tende a agravar ainda mais este quadro enraizador de desigualdades já bastante presentes no mundo atual. Com isso, o mais agravante fator da emblemática apresentada, acontece quando um direito de todo e qualquer cidadão está entregue a interesses econômicos de empresas faturantes.   Em função do exposto, é entendido que o Ministério da saúde deve atuar na mudança de políticas que regulamentam a venda de medicamentos as quais, por meio de leis, destine-se as verbas da farmácia não para a patenteação e conseguinte retribuição as pesquisador, mas verbas que financiem o processo de pesquisa assim como incentivos às universidades comprometidas com tais desenvolvimentos; de modo que seja sabido que medicamentos tem como função a ajuda popular, divergente de fins econômicos. Ademais, em parceria com o Ministério da Educação seja introduzido nas matérias biológicas aulas de análise e conhecimento da saúde pública; para que assim chegue informação ao povo e a farmácia atue apenas no âmbito sanitário, afastando de si, portanto, maus feitores como Brás Cubas e seu Emplasto.