Enviada em: 23/08/2019

No filme "Lado a lado", a protagonista tem câncer, e necessita de tratamento com medicamentos, ao observar a obra, nota-se a importância de seguir a orientação médica e consumir os medicamentos corretamente. No entanto, fora da ficção, essa é uma realidade distante, por conta dos perigos da indústria farmacêutica. Nesse cenário, cabe avaliar a publicidade farmacêutica, bem como as vendas sem monitoramento nas redes. Destarte, faz-se pertinente debater acerca dessa problemática.        A priori, é imperioso destacar que, a máquina de publicidade que a indústria farmacêutica dispara investe principalmente em propagandas de remédios que não precisam de receitas, o que incentiva o consumidor a se automedicar. Desse modo, de acordo com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) da Unicamp, em Campinas (SP), o consumo de remédios corresponde a 33,62% das ocorrências. Tal fator é ratificado pelo sociólogo Karl Marx na teoria da Mercadoria Fetiche, expondo a compulsividade em comprar um produto que atenda as demandas da indústria e não do indivíduo. Sendo assim, além da automedicação trazer consequências preocupantes para a sociedade, percebe-se o erro por parte da indústria em visar lucros exorbitantes as custas da cegueira populacional.       Outrossim, vale ressaltar que, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), metade do que é vendido na rede é falso, produzido com cimento, gesso e farinha, isso ocorre porque a  Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não faz um monitoramento das vendas virtuais de remédios. Os falsificados não têm o princípio ativo que os originais têm, ou seja, o paciente não tem nenhum alívio nem a doença curada, só piora do quadro clínico, como intoxicações e até mesmo a morte. Dessa maneira, a ocorrência desses crimes tem sido comum e não tem tido visibilidade.        Diante desse panorama, faz-se imprescindível a tomada de medidas ao entrave abordado. Para tanto, cabe ao Governo Federal, em parceria com o Ministério da Saúde, regulamentar as propagandas de medicamentos, proibindo a indução ao consumo e advertindo sobre os riscos da automedicação, por meio da aplicação de multas para empresas e emissoras que descumprirem as regras, com o fito de aumentar o interesse na busca por auxilio médico. Ademais, é mister que o Governo Federal, juntamente com a Anvisa, passe a fiscalizar a venda de fármacos pela internet, por meio da colocação de agentes especificamente para essa área, que façam com frequência testes para averiguar o que está sendo repassado para a população. Espera-se, com isso, reduzir os danos que a indústria farmacêutica traz para a sociedade.