Enviada em: 29/10/2017

Na contemporaneidade, os fluxos de informação tornaram-se progressivamente mais intensos e velozes. Com o aumento da popularidade das mídias sociais, como o facebook, muitas notícias passaram a ser repassadas sem ao menos serem conhecidas a sua fonte ou sua veracidade, o que contribuiu para o aumento da propagação das "fake news". Esse fenômeno sócio-virtual constitui um atentado à dignidade e à integridade de suas vítimas, contribuindo para uma possível  disseminação dos discursos de ódio, polarização social e  formação de cidadãos desprovidos de senso crítico.      O lamentável aumento da propagação das "fake news" está intimamente relacionado a consolidação da pós-verdade.Em uma sociedade em que os fatos objetivos têm menos influência sobre a  opinião pública do que apelos à emoção e a crenças pessoais, muitas pessoas preferem acreditar em informações que não tenham base na realidade, desde que elas estejam alinhadas com sua visão de mundo. Assim,  muitos indivíduos se inserem em uma "bolha virtual", na qual predomine  concepções de mundo que estejam consoantes às suas concepções pré-estabelecidas, tornando-se inflexíveis ao convívio com tudo aquilo que as ameaça ou as contraria. Em função disso, há a supressão do pensamento crítico e a retração da ética humana, culminando em uma extrema polarização ideológica e social entre os cidadãos, que se reflete no aumento da intolerância e na dificuldade do intercâmbio pleno de saberes e valores, responsáveis pela evolução moral da sociedade.         Ademais, a propagação das "fake news" constitui um atentado aos direitos individuais de proteção à imagem pessoal daqueles que tornaram-se alvos dessas, lesando sua reputação e dignidade e levando- os a serem alvos de discursos de ódio. A exemplo disso, tem-se o caso do médico Drauzio Varella,  acusado por uma internauta de afirmar que o exame de mamografia causava câncer de mama. Fatos como esse destroem a confiabilidade entre os indivíduos, o princípio básico das relações humanas, e impossibilitam a colocação das redes sociais como um espaço em que haja a plena integração e comunhão social,  no qual os direitos humanos mais básicos sejam respeitados.       Portanto, diante da ameaça que a propagação das "fake news" apresenta para a construção de um meio social-moral e eticamente mais evoluído, o poder público pode promover campanhas, divulgadas nos meios de comunicação em massa, sobre o risco da divulgação de notícias falsas, relatando seus perigos, almejando a construção de uma sociedade mais crítica, capaz de investigar fontes daquilo que lê e mais disposta a denunciar autores de mentiras na internet. O Ministério da Educação pode incentivar as escolas a trabalharem sobre a importância da verdade e  do respeito à  dignidade do próximo para a consolidação de uma era mais democrática em que haja a plena integração social.