Enviada em: 31/10/2017

A mentira tem pernas curtas, mas cauda longa.  A partir da segunda metade do século XX, com o advento da 3ª Revolução Técnico-científica e Informacional, o mundo viu aumentar a quantidade e a qualidade dos meios de comunicação (televisão, internet, telefone, rádio, jornais, entre outros) e isso possibilitou a rápida disseminação de notícias e uma maior abrangência destas em todos os setores sociais. Contudo, em analogia a 3ª Lei de Newton - toda ação possui uma reação de igual intensidade e sentido contrário  -, a democratização da comunicação viabilizou o fato de qualquer pessoa ter o papel de redator e divulgador de informações, mesmo sem ter credibilidade e/ou respaldo de pesquisas para tal, gerando o fenômeno hodierno das "fake news".  Em primeira análise, é indubitável que a falta de uma educação de qualidade é a causa mais relevante dessas ocorrências. Isso porque, à luz do escritor Paulo Freire, a pedagogia é bancária no Brasil, isto é, que só deposita o conhecimento no aluno, não estimulando ele a pensar de maneira autônoma. Com efeito, as crianças e jovens se desenvolvem pessoas preguiçosas, as quais não tem interesse em pesquisar, checar ou refletir aquilo que lhes é apresentado. Por conseguinte, essa situação vai de encontro com dados de uma pesquisa da Universidade de Columbie nos Estados Unidos apontando que 50% dos indivíduos que compartilham notícias da web não leem o seu conteúdo, apenas o título, o qual na maior parte dos casos é sensacionalista.    Em segunda análise, pode-se destacar o papel displicente das plataformas divulgadoras de informações, já que, é por meio delas na internet que as "fake news" se alastram de forma mais significativa. Destarte, a dificuldade em denunciar falsos fatos reportados e ainda, a falta de medidas rápidas para reverter a divulgação podem ocasionar situações drásticas, consoante a afirmação do ministro da propaganda da Alemanha Nazista, Joseph Goebbels, "uma mentira quando repetida mil vezes acaba se tornando verdade". Um exemplo disso, foi a tragédia ocorrida na cidade de Guarujá, com Fabiane Maria, em 2014, que após enfrentar diversos boatos circulados nas redes sociais de que sequestrava crianças para bruxaria, foi vítima de agressão até a morte pelos moradores do bairro em que ela residia.   Em vista dos fatos expostos, medidas são necessárias para resolver essa problemática. A priori, o Ministério da Educação deve atuar dentro das escolas por meio de reformas pedagógicas para que os alunos sejam incentivados a leituras e pesquisas autônomas, tornando-os cidadãos críticos e reflexivos. A posteriori, os portais divulgadores de notícias devem criar mecanismos simples e eficazes (como ouvidorias online nas páginas) para que estas, caso reportem mentiras, sejam tiradas do ar rapidamente. Dessa forma, as inverdades online não mais serão uma realidade do Brasil.