Enviada em: 02/11/2017

A pós-verdade, eleita a palavra do ano em 2016 pela Oxford Dictionaries, expõe um tema pertinente na sociedade: as fake news. Também conhecidas como hoax, as notícias falsas - em tradução livre - não são uma invenção atual. O Plano Cohen divulgado em 1937, que posteriormente ao Estado novo foi identificado como uma farsa governamental, é uma prova de que esta problemática tem raízes sólidas na sociedade. No entanto, com o advento da internet na era da Revolução técnico-científica, a propagação de dados falsos tomou proporções inimagináveis, tornando necessário analisar seus usos e consequências na atualidade.    Primeiramente, assim como afirmava Joseph Goebbels, responsável pela propaganda do partido nazista, quando dita repetidamente uma mentira acaba por tornar-se verdade, alterando a percepção da opinião pública sobre determinado assunto. Prova disso foi a eleição presidencial dos EUA, onde o atual presidente Donald Trump baseou seus discursos em informações de cunho duvidoso e, ao dizê-las constantemente, conseguiu grande apoio dos cidadãos norte-americanos, fato decisivo para sua vitória. Desse modo, fica evidente que as fake news tem virado uma ferramenta de manipulação, utilizada até mesmo para fins políticos.     Além disso, a falta de preocupação com a veracidade dos dados facilita a difusão de matérias duvidosas nas redes sociais. Estudo realizado pela agência Advice Comunicação Corporativa indicou que, 78% dos brasileiros se informam pelas redes sociais e somente 39% destes checam com frequência os informes antes de difundi-los. Assim, além de causar a longo prazo descrédito da população em notícias encontradas na internet, os hoax podem afetar drasticamente a vida de pessoas que são envolvidas em boatos, como aconteceu com a moradora do Guarujá, Fabiane Maria de Jesus, que ao ter sua imagem associada a uma suposta sequestradora foi espancada por seus vizinhos.    Fica evidente, portanto, que as fake news trazem graves consequências para o corpo social, sendo necessária a adoção de medidas que atenuem está problemática. Em primeiro lugar, é imprescindível que a mídia promova ficções engajadas que tratem da temática de notícias enganosas demonstrando seus perigos, a fim de estimular a população a confirmar a veracidade de uma notícia antes de compartilha-la, evitando assim a maior propagação de boatos. Cabe às redes sociais a criação de mecanismos que permitam denunciar matérias de cunho duvidoso bloquando-as até que a equipe de segurança analise a genuinidade das informações. Além disso, a criação de uma lei específica pelos devidos órgão legislativos, que preveja multas não só a quem divulgar, bem como aquele que compartilhar notícias falsas pode atuar como barreira para a continuação deste problema.