Enviada em: 23/01/2018

No século XV, a invenção da imprensa, por Johannes Gutenberg, propiciou a difusão do conhecimento e revolucionou o mundo ao permitir, pela produção intensa de livros e jornais, a democratização do acesso à informação. Não obstante, o advento da internet e das redes sociais, ao passo que permitiu a disseminação rápida de conteúdos, foi responsável pela epidemia atual de notícias falsas no Brasil. Com efeito, as “Fake News” são empecilho à vigência de uma sociedade democrática, pois, além de propagar notícias parciais, são capazes de influenciar negativamente os indivíduos.    As notícias falsas são ferramentas de controle simbólico. A esse respeito, Michel Foucault apontava que a linguagem é capaz de impor verdade aos seus interlocutores, porque, como discurso, é um instrumento de poder que age controlando o pensamento. Assim, no que tange à veiculação de fatos inverídicos, é tácito o seu caráter político, que se explica pelo interesse de grupos em reafirmar pontos de vista e motivar a ações. Desse modo, à medida que as mídias abrem espaço para o exercício da liberdade de expressão, tornam-se ferramentas para a difusão de discursos de ódio, principalmente contra pessoas públicas, por meio de fatos manipulados ou irreais, que afetam os envolvidos ao se espalhar com velocidade.     Paralelo a isso, a disseminação de notícias sem veracidade atende a interesses econômicos. Nesse sentido, a falta de fiscalização presente na internet, favorece a persistência de sites especializados na produção e veiculação de “Fake News”. Induzidos por manchetes sensacionalistas, boatos envolvendo celebridades e políticos, os usuários das redes sociais compartilham e geram “cliques” para esses sites, a partir daí os administrados faturam com os acessos. Além disso, os cidadãos brasileiros não cultivam o hábito de verificar a fonte das informações e averiguar em outros jornais/revistas se aquilo, de fato, aconteceu, o que induz a propagação sem controle causando prejuízos sociais.   Infere-se, portanto, que a era da pós-verdade não é compatível com o status democrático. Logo, cabe ao Ministério da Educação prover educação digital, por meio de palestras nas escolas, bem como, campanhas nas mídias digitais e televisivas que indiquem ao cidadão como conferir notícias e fontes, a fim de evitar as “Fake News”. O Ministério Público, em parceria com Ongs, deve criar mecanismos de fiscalização, como agências de verificação e portais de denúncia, no qual o usuário possa relatar sites/conteúdos suspeitos para posterior averiguação por profissionais treinados e, então, interromper sua divulgação. A mídia tradicional precisa dar transparência aos assuntos e agir com imparcialidade, no intuito de que os cidadãos se sintam seguros para conferir boatos em suas páginas, assim, as falsas notícias serão mitigadas por força da credibilidade jornalística.