Enviada em: 11/10/2017

Programados para morrer       Para o empresário norte-americano Steve Jobs, o seu sucesso está em lançar um produto e tempos depois relançá-lo com melhorias e conseguir convencer multidões a substituí-lo obsessivamente em um período curto. Todavia, essa obsolescência programada forçada colabora para a exploração irracional e destruidora dos recursos naturais e prejudica o futuro da humanidade. Em vista disso, por que inúmeros indivíduos descartam produtos ainda novos e compram outros com poucas melhorias?      Em uma primeira análise, verifica-se que o padrão Jobs contribuiu para esse consumismo predador. Isso acontece em razão da estratégia utilizada pelo fundador da Apple, em fazer com que o consumidor se sinta defasado o tempo todo e que não tenha dúvidas em comprar, mesmo com mínimas mudanças de uma geração para outra. Em virtude disso, obriga os usuários a uma reposição mais rápida, como aqueles que adquiriram o ipad 2 sem ter explorado toda a capacidade do ipad 1. Além disso, essa rejeição de produtos quase novos é fruto de vícios primitivos: o desejo e principalmente o exibicionismo. Segundo Petrônio na obra Satiricon, só lhe interessam os bens que despertam no povo a inveja dele por possuí-los. Assim, altera-se a razão da tecnologia: realiza-se apenas por tê-lo conseguido e não como forma de aperfeiçoamento pessoal.   De acordo com Marx, o fetiche da mercadoria vai transformar todas as relações sociais em mercadoria. Isso acontece porque as fábricas programam desgastes artificiais dos produtos e promovem a redução de sua vida útil e, por conseguinte, obrigam uma nova compra. Tal situação é observada na troca de uma peça simples de um aspirador de pó, por exemplo, que custa quase o mesmo preço de um aspirador novo. Além do mais, esse descarte de produtos praticamente novos está causando destruição dos recursos naturais, aumentando o lixo no mundo e colocando a humanidade em uma viela capaz de prejudicar a vida das futuras gerações. Dessa forma, percebe-se que isso não é uma ação de uma única empresa, mas uma tendência coletiva de mercado.    Fica claro, portanto, que esse estilo de consumo no Brasil é trágico e altera o comportamento da sociedade. Com intuito de diminuir esse problema, as escolas, em parceria com as mídias, devem realizar aulas educativas por meio de seminários e reuniões, afim de conter o consumo desenfreado para reverter a atual tendência de consumo superior à capacidade de renovação da Terra. Ademais, cabe o Governo adotar medidas através da racionalidade no consumo de bens, capazes de combater a obsolescência programada por parte dos fabricantes com a finalidade de reduzir a degradação do meio ambiente. Assim, apesar de estarmos atrasados neste quesito, ainda dá tempo de recuperar-se.