Enviada em: 12/10/2017

O conceito de "obsolescência programada" surgiu entre 1929 e 1930, tendo como plano de fundo a Grande Depressão, e visava incentivar um modelo de mercado baseado na produção em série e no consumo, a fim de recuperar a economia dos países naquele período. Entretanto, essa prática caracteriza-se como um ciclo infinito de consumo e acaba tornando-se um grave problema, pois o aumento de lixo eletrônico e tóxico, bem como a falta de informações claras sobre como deve ser realizado o descarte destes produtos obsoletos, tem provocado impactos ao meio ambiente e à qualidade de vida da população mundial ao longo dos anos.   Em primeiro lugar, apesar de muito criticada e, em alguns casos, até combatida judicialmente, a obsolescência planejada configura-se como um mecanismo para aumentar o consumismo. Em termos econômicos, esse aumento reverbera em um crescimento na produção, com maior enriquecimento de diversos setores e o aumento da geração de emprego. A grande questão é a notória insustentabilidade dessa lógica, apontada por muitos como contraditória, uma vez que o crescimento do consumo como forma de sustentação do crescimento da economia é, por si só, um instrumento limitado, pois, em algum momento, encontrará o seu esgotamento.     Além disso, outra crítica que se direciona à obsolescência programada é a agressão ao meio ambiente provocada pelo aumento do consumo de recursos naturais e também pelo crescimento da produção de lixo. Afinal, um celular, uma impressora ou um aparelho qualquer são hoje comprados e, pouco tempo depois, descartados, demandando a compra de um novo modelo e a consequente expansão da geração de resíduos, pois, mesmo com uma reciclagem operante, não é possível reaproveitar tudo o que foi jogado fora.    Diante deste quadro, é necessário que haja uma maior atuação estatal, no sentido de regular e criar políticas públicas que de fato garantam um meio ambiente equilibrado, através de uma fiscalização mais rígida das empresas que praticam a obsolescência programada e não dão informações claras e precisas aos consumidores. Além disso, é importante que a mídia realize campanhas informativas e divulgue projetos engajados por meio, por exemplo, de aplicativos com fins sociais para incentivar a criticidade dos consumidores, informando-os sobre seus direitos e sobre os males trazidos ao meio ambiente pelo descarte irregular de resíduos sólidos.