Enviada em: 07/02/2018

"Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis." Com esta frase da célebre obra "Memórias póstumas de Brás Cubas", o autor Machado de Assis denuncia uma sociedade consumista que valoriza o ter em função do ser. Fora da literatura, o que se vê no mundo atual não é diferente, haja vista que os crescentes índices de consumismo e de poluição são os maiores perigos da prática da obsolescência programada e fizeram com que o valor humano fosse transferido para seus bens.      Em primeiro plano, sabe-se que a Revolução Industrial, iniciada no século XVIII na Inglaterra, foi a maior responsável pelo avanço do consumismo em nível global. Tal avanço é perceptível na obsolescência programada de grande parte dos objetos atuais, em que eles duram apenas um certo tempo predeterminado pelos seus fabricantes. Nesse sentido, os aparelhos são consumidos e descartados num ritmo cada vez maior, uma vez que, de acordo com a lógica consumista, quem não possui e nem compra muitas coisas, não tem valor. Dessa forma, é preciso intervir na mentalidade social para que esse problema seja amenizado.       Por outro lado, os perigos da rápida obsolescência atingem não só a sociedade, como também o meio ambiente, que sofre com a poluição. Um exemplo disso é visto no filme Wall-e, que se passa no ano de 2700 e conta a história de um robô responsável por empilhar lixo em um planeta Terra que, além de ter se tornado um lixão à céu aberto, se encontra inóspito. De modo análogo, Wall-e comprova que a erosão dos ecossistemas locais é causada pelo excesso de resíduos sólidos gerado, infelizmente, pelo avanço da obsolescência programada. Sendo assim, cabe criar medidas eficazes para o combate dessa situação.      Torna-se evidente, portanto, que a obsolescência programada dos objetos é nociva para todo o mundo, seja à sociedade, seja ao meio ambiente. Dessa maneira, cabe ao Governo Federal criar uma "Semana da sustentabilidade" na qual seriam feitos debates gratuitos nas escolas públicas do país, promovidos pelos estudantes das Universidades Federais, com o objetivo de não só encorajar uma prática de questionamento da real necessidade de um objeto antes de comprá-lo, como também incentivar a reciclagem e a reutilização, como forma de mudar a mentalidade social e reduzir o lixo produzido por cada um. Além disso, é preciso que o Facebook, por apresentar milhões de usuários, crie eventos incentivando o mutirão de limpeza em praias, parques e praças mais próximos de cada internauta, para atenuar a poluição nesses ambientes. Com tais medidas, certamente, os perigos da obsolescência programada serão atenuados de forma gradativa.