Enviada em: 11/05/2018

Capitanias hereditárias. Sesmarias. Lei de Terras de 1850. Todos esses fatores contribuíram para a efetivação da concentração de renda no Brasil, e mostram que essa mazela social atinge o país desde os tempos da colonização. Não é difícil perceber, contudo, que graças a empecilhos da contemporaneidade o problema ainda persiste de forma vigorosa na sociedade.     Em primeiro lugar, é preciso reconhecer que a mentalidade dos brasileiros também é um fator para a persistência da má distribuição de renda. A corrupção, os desvios de verba e a irregular administração do dinheiro público são problemas estruturais do Brasil e fazem com que a população menos abastada seja a mais prejudicada, pois é a camada que mais depende de políticas sociais. Essa situação se deve, segundo Sérgio Buarque de Holanda, ao “jeitinho brasileiro”, no qual o indivíduo confunde a esfera pública e privada e se apropria do que seria destinado à população civil, ainda é latente na sociedade e, por muitas vezes, ainda é tido como motivo de orgulho.     Além disso, é necessário ressaltar que, em um contexto de crise econômica, a pobreza no Brasil tende a aumentar. Isso porque a consequência imediata dessa conjuntura é a retração do mercado, e a solução mais rápida, e também mais egoísta, é o corte de gastos das grandes empresas com demissões em massa. Esse cenário ocasiona, portanto, a perda da fonte de renda de muitas famílias, que passam a não conseguir a própria subsistência. É importante, ainda, destacar que essa situação é resultado do individualismo da sociedade atual, na qual, como dizia Eça de Queiroz, “mais vale uma dor de dente que uma guerra na China”.     Fica claro, portanto, que o problema em voga é bastante grave e deve ser resolvido para que o Brasil diminua a população abaixo da linha de pobreza. Em um primeiro plano, organizações não governamentais poderiam conscientizar os cidadãos a respeito dos seus direitos e incentivá-los, por meio de panfletagem, a pressionar o Estado para a punição dos políticos corruptos, a fim de que a democracia brasileira se torne mais justa. Ademais, o Poder Público poderia fornecer incentivos fiscais às empresas a fim de evitar grande números de demissões e para que as famílias brasileiras possam viver de forma digna e humana.