Enviada em: 23/06/2018

Em um ambiente de latifúndios improdutivos, seca, pobreza e fome, onde estava instaurada a crise social e econômica, surge a figura messiânica de Antônio Conselheiro. Antônio pregava à gente daquela terra que o sertão iria virar mar e que a prosperidade se instauraria. O local onde se instalou o arraial de Canudos e que serviu de berço para a revolta de mesmo nome, pertence ao polígono das secas, região que até hoje concentra os maiores índices de pobreza do país. Essa mesma pobreza evidenciada nos contrastes decorrentes da desigualdade social e econômica que se reflete atualmente.    A princípio, destaca-se o papel da seca e as falhas governamentais em a contornar como um dos agravantes da pobreza no Brasil. O agreste nordestino, atualmente, ainda se encontra em situação de abandono, miséria e descaso. Apesar da obra de transposição do rio São Francisco, que levou a água para o Pernambuco e a Paraíba, em regiões mais isoladas e mal geridas esse é um sonho distante. A Indústria da Seca na região sertaneja, estimula a escassez e torna a água uma moeda de troca em práticas clientelistas, com desvios de verbas em prol de interesses pessoais ligados ao poderio político.    Da mesma forma, a pobreza é evidenciada na desigualdade social e econômica comumente vista nos centros urbanos. Exemplo disso é a favela de Paraisópolis, a segunda maior da cidade de São Paulo, que é vizinha ao bairro do Morumbi, possuidor de uma especulação financeira altíssima, cujo preço do metro quadrado ultrapassa os sete mil reais. A discrepância entre a carência na favela e o luxo no bairro nobre, são reflexos da concentração renda no Brasil. Apesar do PIB (Produto Interno Bruto) per capita ultrapassar a faixa dos trinta mil reais, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 20% da população vive na miséria, com menos de cento e quarenta reais mensais.    Outrossim, frisa-se a contribuição da pobreza nos índices de aprendizagem e permanência escolar. A falha no desenvolvimento educacional é consequência da injustiça social, onde é prática comum o abandono escolar em virtude da necessidade de se trabalhar pra ajudar na complementação da renda ou da falta de estrutura. Segundo o último censo demográfico, do total de brasileiros com 25 anos ou mais, apenas 23% concluíram o ensino médio, sendo esses, em sua maioria, de classes mais altas.   Com a permanência da pobreza e da desigualdade, urge a necessidade de se pensar alternativas para o contorno do problema. Portanto, cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome com o auxílio das prefeituras locais, o resgate de programas de combate a escassez em regiões de miséria, com a arredação de excedentes agrícolas, melhorias na distribuição, com cadastro e acompanhamento. Bem como, a expansão de bolsas de permanência capazes de contribuir financeiramente para o aluno poder continuar seus estudos até a profissionalização e autossuficiência.