Enviada em: 03/11/2017

O Brasil é um país de desigualdades extremas, a julgar pela bagagem histórica de quase quatro séculos de escravidão e o largo passado colonial que criaram profundas clivagens entre regiões, pobres e ricos, negros e brancos, mulheres e homens. Tal distanciamento marcou a forma com a qual a sociedade se organiza, diminuindo sua capacidade redistributiva. Nesse sentido, percebe-se que não só a economia beneficia poucos, mas que raízes históricas e sociais contribuem para perpetuar esse grave problema social.    A priori, o principal motivo desse contraste social é político. Isso acontece em razão do modelo socioeconômico adotado no Brasil, que sempre favoreceu o monopólio da terra e da indústria. Prova disso é aprovação da Lei das Terras, no mesmo ano da lei Eusébio de Queirós, que impedia os negros de tornar donos de propriedades. Por conseguinte, todo progresso da economia e da sociedade ocorreu de forma desigual para a maior parte da população brasileira, que teve que sustentar a sede dos lucros dos monopólios estrangeiros e nacionais até a época atual. Logo, é possível encontrar eco no que diz o abolicionista e liberal Joaquim Nabuco: ''a escravidão permanecerá por muito tempo como a característica nacional do Brasil''.     Em uma segunda análise, verifica-se que a educação é fundamental para combater essas diferenças sociais. Isso porque, a péssima distribuição de renda do país gera uma população com enorme disparidade educacional e, consequentemente, o grupo mais atingido por essas barreiras no ensino são os negros e os pobres, uma vez que, longe das vantagens da economia contemporânea, deixam a escola com um nível de formação que, já hoje, seria insuficiente para garantir o pleno exercício da cidadania ou da obtenção de uma atividade econômica pelo menos razoável. Assim, as dificuldades são maiores para esses indivíduos, que, não por acaso, estão na base da pirâmide de renda brasileira.     Fica evidente, portanto, que para a economia beneficiar a todos, é necessário que providencias sejam tomadas com o intuito de diminuir ou até resolver a desigualdade social no país. Desse modo, o Ministério do Desenvolvimento Social deve providenciar para as famílias mais carentes auxílios recorrendo a programas sociais, como o Bolsa Família, a fim de garantir que os filhos possam ir a escola todos os dias e também contar com serviços básicos de saúde para que a próxima geração aproveite as oportunidades que, cada vez mais, o governo irá oferecer. Ademais, o Ministério da Educação precisa ampliar o alcance do ensino superior, sobretudo para jovens negros e de baixa renda, nas universidades públicas, por meio de cursos pré-vestibulares gratuitos para reduzir as discrepâncias pedagógicas. Assim, a escravidão não fará mais parte da cultura brasileira.