Enviada em: 06/05/2018

É de senso comum que a educação é fator determinante para o desenvolvimento de um país. Mas, antes dela, é necessário que existam caminhos para alcançá-la. Isso porque o Brasil é um país demasiado pobre: apenas 1% dos brasileiros concentram a maior parte das riquezas, contra isso, 66% das famílias são pobres. Pobreza essa que vive em submoradias, causa evasão escolar em busca de empregos, e, nos casos mais extremos, tende ao crime.       Essa problemática é histórica, e nunca foi realmente resolvida: a pobreza tende a ser mascarada e não encarada. Isso se exemplifica na atitude tomada pelo atual prefeito do Rio de Janeiro que, ao invés de apresentar um plano funcional de urbanização das favelas, disse que pintaria as fachadas das casas de modo a deixá-las mais bonitas. O Severino,  de João Cabral de Melo Neto, não saiu do Sertão em busca de mascarar as pobrezas, e sim de meios para combatê-la.       Além disso, muitas pessoas são obrigadas a deixar a escola e buscar trabalho pela necessidade de ajudar em casa. Normalmente, as pessoas mais pobres. Esse êxodo escolar acaba por ser um erro a longo prazo já que quem estuda mais, ganha mais. Contudo, não se pode permanecer na escola quando sua família precisa do dinheiro do seu trabalho para não passar fome.       Outrossim, ainda há a mínima parte que tende ao crime. São pessoas que se veem sem nenhuma saída, muitas vezes já tentaram outras outros caminhos: formal e mal remunerado - para aqueles sem formação -, informal - sem garantias como a previdência social ou auxílio doença -, e acabaram indo para o tráfico, ou começaram a praticar pequenos roubos/furtos. Como foi o caso de Nem da Rocinha - relatado ao El País - em que sua filha teve uma grave doença, ele teve que pagar o tratamento, mas não tinha dinheiro, pois o emprego formal que tinha era mal remunerado. Portanto,  migrou para o tráfico. São declarações fortes feitas por ele que pergunta: "o que você faria no meu lugar?".       Logo, a necessidade de um programa federal de garantias aos estudantes é fundamental: a criação de bolsas de auxílio alimentação e moradia pelo Ministério da Educação para alunos de baixa renda poderia ser determinante para frear o êxodo escolar. A implementação de mais escolas com o ensino médio integrado ao técnico também é de fulcral importância, pois assim, ao fim do ensino médio, o adolescente já estaria pronto pra ingressar no trabalho formal com uma melhor remuneração. Tal implementação poderia ser feita em parceria entre os Ministérios da Educação e da Saúde, por exemplo, formando técnicos em enfermagem que seriam remanejados ao SUS após a formação. Assim, Severino combateria a sua pobreza, e Nem conseguiria perspectivas de solução ao problema da filha com bons profissionais no SUS.