Enviada em: 05/06/2018

Apesar de o assunto já ter sido estudado sob vários ângulos, ainda não se chegou a uma fórmula infalível que, aplicada, levaria os países ao desenvolvimento socioeconômico. A maioria das pesquisas, no entanto, coloca a educação como uma condição necessária, mas não suficiente, para tanto. Buscando melhorar a que se oferece ao jovem brasileiro, o governo propôs nova grade curricular para o nível médio. A medida é acertada.       Idealmente, é elogiável a pretensão de fornecer ao homem um saber de tal modo enciclopédico, que nada lhe escape ao conhecimento, o que, de certo modo, segue a máxima de Terêncio, dramaturgo e poeta romano, que disse: "Sou humano, nada do que é humano me é estranho". Tal aspiração, entretanto, é inexequível haja vista os mais diversos interesses pessoais - em razão dos quais se gosta de certos assuntos e se abomina outros - senão também a quantidade de conhecimento hoje disponível, o qual não para de crescer. Com os próximos avanços tecnológicos, anuncia-se que o conhecimento humano poderá ser dobrado em meses. Portanto, é ilusório afirmar que um jovem pode aprender, em três anos, tudo quanto já se sabe em uma única área, muito menos em muitas.       Nessa linha é que Claudio Moura Castro - economista, especialista em educação - defende, há anos, que se reforme o currículo do ensino médio brasileiro, de tal modo que nele se dê ênfase às disciplinas de fato importantes. O argumento usado por ele é fortíssimo: se os reitores das universidades públicas se submetessem aos vestibulares aplicados por suas universidades, seriam inapelavelmente reprovados. Aos que lhe rebatem o raciocínio, alegando que os reitores esqueceram o que estudaram no ensino médio, Moura Castro responde que está precisamente aí a mais forte razão para se reformar o currículo do ensino médio: deve-se priorizar aquilo que se levará vida afora, que, de tão importante, os magníficos reitores não esqueceram e usaram para se tornar magníficos reitores.       Outro aspecto positivo da reforma proposta é o fato de ela oferecer a oportunidade de o aluno se profissionalizar no ensino médio e, em não sendo do seu interesse cursar uma universidade, poder ingressar no mercado de trabalho. Por outro lado, aos que aspiram ao ensino superior é facultado, desde o ensino médio, direcionarem-se para a área para a qual aponta sua vocação.       O homem, dizia Kant, não é senão o que a educação faz dele. Urge, pois, buscar fazer homens mais bem preparados. O Ministério da Educação deve, por meio de campanha publicitária, esclarecer que se  implantará, no Brasil, tal sistema para, acima de tudo, respeitarem-se as escolhas e as vocações individuais dos jovens. Palestras e debates em escolas públicas e privadas também serão de extrema valia para esclarecer não só as bases senão também os propósitos da medida.