Enviada em: 13/10/2018

Está em voga o debate acerca da medida provisória que estabelece uma reforma no modelo atual de ensino médio brasileiro. O fato é que muitos profissionais da área educacional temem os impactos negativos de tal reforma, visto que esta prioriza a preparação do aluno para o mercado de trabalho, o que pode levar a desvalorização de conteúdos necessários a formação crítica dos estudantes.        Nesse aspecto, a reforma poderia acentuar a desigualdade de classes existente no Brasil. Isso porque, à semelhança da concepção platônica de pólis, na qual certos indivíduos estão destinados ao trabalho braçal e outros à liderança, pode-se vislumbrar escolas públicas tornando-se uma fábrica de profissionais técnicos para ocupar os postos mais baixos de trabalho. Em contra partida, os alunos abastados da rede privada, continuariam a ser encaminhados ao nível superior, para posteriormente ocupar os cargos de graduação. Além disso, a notória precarização do ensino público brasileiro, gera dúvidas com relação a qualidade da formação técnica que será oferecida aos alunos que precisarão enfrentar um mercado de trabalho no qual não há emprego para todos.      Cabe ainda mencionar, que essa reforma, nos moldes atuais, coloca sobre adolescentes a responsabilidade de escolher uma carreira ou área de conhecimento para aprofundar-se, mesmo que esses não estejam prontos para tal escolha. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), menores de 18 anos são mais vulneráveis em suas escolhas por estarem em estágio de formação intelectual, logo, estes não devem ser pressionados a decidir seu futuro baseando-se apenas nos cursos e carreiras que sua escola oferece. Também não se pode esperar que, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) priorizando algumas matérias em detrimento de outras que seriam necessárias à formação de futuros cidadãos conscientes e capazes de discernir oque é melhor para si e para o coletivo, seja suficiente para contemplar as preferencias acadêmicas dos estudantes.       Perante tal panorama, no qual a reforma do ensino médio, valendo-se de uma medida provisória, vem sendo imposta a alunos e professores, medidas precisam ser tomadas. Cabe ao Ministério da Educação realizar sim mudanças no ensino médio, porém, através de projetos de lei, com abertura ao debate popular envolvendo pais, alunos e profissionais da área, visando promover uma reforma compatível com a realidade nacional. Ademais, é importante a mobilização de grupos estudantis como a União Nacional dos Estudantes (UNE), e os sindicatos dos professores, reivindicando direitos que há muito têm sido negligenciados e que são essenciais para a educação, como a melhoria na estrutura física das escolas e na remuneração dos educadores. São esses alguns passos de um longo caminho em busca de um futuro melhor para o sistema educacional brasileiro.