Enviada em: 22/06/2018

Em 2016, na cidade de São Paulo, um médico debocha, em uma rede social, de um paciente, que, durante a consulta menciona a palavra “peleumonia” ao invés de “pneumonia”. O profissional em questão, horas após o atendimento faz uma postagem repleta de preconceito linguístico desmerecendo a forma de falar do indivíduo. A notícia pode parecer pouco recorrente, mas evidencia a presença desse preconceito na sociedade Brasileira atual. Desse modo, essa problemática deve ser analisada a partir de duas perspectivas: o limite imposto pelo ensino da norma culta e o presença oculta do preconceito econômico-social.       A maneira como o ensino da língua portuguesa é internalizada nos alunos faz com que haja um olhar limitante sobre a língua. Isso acontece devido à maioria dos assuntos tratados nessa disciplina convergir em um único eixo: a gramática da norma culta. Assim, muitos alunos encaram isso como o correto e o diferente como o errado, causando o estranhamento do que é considerado “fala errada” e consequentemente o preconceito linguístico - o que se caracteriza como o menosprezo de uma forma de falar, ignorando todas variações linguísticas que são causadas por questões históricas, regionais, sociais e culturais.        Atrelado à isso, existe o preconceito econômico-social que vem mascarado consoante o preconceito linguístico. Como defendido por Karl Marx, uma classe social sempre será dominada por outra, e o preconceito linguístico serve como mais um mecanismo para permanecer essa dominação. O acesso à escola não é uma realidade de todos, assim como o conhecimento da norma culta, e dessa forma, essas pessoas buscam outras formas para se comunicar, o que muitas vezes diverge da gramática padrão. E essa diferença sustenta uma hierarquia de certo e errado e consequentemente, o melhor e o pior. Consistindo, em uma discriminação ancorada à fala: uma capacidade exclusiva do ser humano em relação aos animais, e que torna-se, contraditoriamente, uma ferramenta de exclusão do homem para com o próprio homem.      Para solucionar a problemática do preconceito linguístico, faz-se necessária a adoção de certas medidas que busquem acabar com essa ação horrenda. Logo, a escola deve reforçar o ensino das variações linguísticas por meio de projetos interdisciplinares que evidenciem a presença das variantes na realidade dos alunos, assim como a sua importância. Além disso, o Ministério da Educação em parceria com a mídia deve organizar comerciais interativos sobre as variedades linguísticas, repassando para a população a existência destas e necessidade de combater o preconceito linguístico. Assim será possível minimizar esses pensamentos preconceituosos na sociedade brasileira.