Enviada em: 13/07/2018

“Agora estão me levando. Mas já é tarde. Como eu não me importei com ninguém, ninguém se importa comigo”. Disse Bertolt Brecht, dramaturgo e romancista em sua obra Intertexto, que pondera acerca da indiferença e falta de atitudes necessárias que levam os indivíduos ao abismo pessoal. Nesse viés, ao analisar sobre o preconceito linguístico na contemporaneidade, infere-se que a nação verde e amarela também está fadada ao abismo, quando se observa a ausência de posicionamentos eficazes referente ao cyberbullying e o extermínio de falas regionais, fatos que requerem mudanças em caráter de urgência.      Convém ressaltar, a princípio, que a falta de conhecimento é o caminho mais rápido para o preconceito virtual. Isso, em consonância com o pensamento do filósofo Jean Paul Sartre, de que a violência é sempre uma derrota, permite afirmar que o uso da tecnologia para ofensas com intuito de menosprezar o vocabulário alheio é uma péssima conduta, haja vista que na maioria das vezes o ato de "falar bem" é privilégio de quem teve condições de frequentar boas escolas, fato que é predominante nas classes média e alta. Dessarte, na medida em que os internautas não tomarem consciência de que os desvios gramaticais podem ser consequência de uma educação corrompida, a intolerância persistirá.          Em segunda instância, vale afirmar que os meios televisivos têm rejeitado a diversidade linguística do país. Prova disso são os jornais noticiários que adotam um método de padronização da fala que, segundo o portal Memórias Globo, é necessário para que a entonação dita soe de forma mais natural. Entretanto, quando se esconde um padrão regional vocabular em detrimento de outro "mais usual", ocorre o extermínio de um dialeto local. Realidade essa que dialoga com atrocidades de um passado não tão remoto, quando os portugueses, no período colonial brasileiro, impuseram a língua portuguesa ao povos indígenas, de forma a excluir o idioma nativo.       Urge, portanto, a necessidade de mobilização para que essa mazela social de preconceito de fala seja extinta. Assim sendo, cabe ao poder legislativo a criação de uma lei que proíba constrangimentos públicos relacionados ao vocábulo, em que as redes sociais deverão se mobilizar e banir contas de usuários que perpetuem esse tipo de prejulgamento, para que essas transgressões sejam contidas em âmbito real e virtual. É imprescindível, ainda, que os canais de TV não filtrem os sotaques dos apresentadores, valorizando a diversidade de culturas do Brasil, juntamente com a mídia, que deverá exibir comerciais nas redes televisivas abertas enfatizando a importância do respeito às variações de fala. Dessa forma, a sociedade iria homologar com o ideal de Brecht, ao adotar medidas eficazes e deixando de lado a indiferença que impede o progresso social.