Enviada em: 18/07/2018

A língua é um forte elemento de discriminação,não falar e escrever de acordo com a norma padrão,no Brasil,faz com que muitos indivíduos sejam excluídos e ridicularizados.O que é espantoso,já que,em um país de grande diversidade sociocultural,espera-se ser normal uma heterogeneidade linguística.  No livro ''Pedagogia da variação linguística'',os autores Carlos Aberto Faraco e Ana Maria Stahl Zilles,retratam bem essa vigente realidade preconceituosa,mostrando que a sociedade brasileira não reconhece o quanto a sua língua é complexa e ainda assim marginaliza grupos que apresentam variações linguísticas -socioeconômicas e regionais- da norma culta,julgado-as deterioradoras da língua.E é esse pensamento que inferioriza e desnaturaliza as ricas variações da língua portuguesa,por exemplo,é comum em escolas paulistas um aluno,oriundo do Nordeste,sofrer preconceito por conta da seu sotaque,taxado como errado e feio.   Diferentes regiões,diferentes meios sociais e econômicos fazem que essas pessoas tenham variadas formas de expressarem-se,essa visão maniqueísta,ou seja,só existe o certo e o errado,está equivocada pois é valida qualquer forma de expressão,as variações e mudanças devem ser aceitas e naturalizadas.   Um caso que gerou grande polêmica em 2011,foi o livro didático,aprovado pelo Ministério da Educação,''Por uma vida melhor'',que em uma pequena parte de uma das suas páginas falava sobre a variação linguística,dizendo que não era errado não fazer concordância nominal.Esse foi o motivo para mídia nacional fazer inúmeras críticas ao livro,rotulando-o como errado e não servindo para ensinar os alunos.Marco Bagno,linguista brasileiro,defendeu a ideia que o livro procurou naturalizar a variação  linguística mostrando que as normas urbanas de prestígio não são as corretas,mas sim,uma das formas de expressão das muitas existentes,inclusive a de não fazer concordância nominal.A autora do livro deixou bem clara essa postura de busca por igualdade,tanto no livro,como em uma entrevista.  Por isso é possível notar o quanto a variação linguística não está sendo vista como uma diversidade positiva,e sim como negativa.A necessidade de politicas públicas que valorizem essa diversidade são essenciais para integração dos indivíduos que não dominam a norma culta,o MEC é o órgão que pode colocar com maior destaque,o tema em questão,nos exames nacionais como ENEM,concursos públicos,livros didáticos,propor aulas que mostrem contextos sociais opostos aos dos alunos.A EBC,fiscalizadora a Mídia,deve proibir comentários preconceituosos contra a variação da língua e o Governo de articular-se com esta em busca de representatividade para essas pessoas,em telenovelas,programas de entretenimento,debates sobre o preconceito linguístico em telejornais,mostrando os valores da variação linguística aos cidadãos e combatendo o preconceito.