Enviada em: 29/10/2018

Desde a Antiguidade, a oralidade é usada para interação e integração social. No entanto, hordienamente, a gramática normativa tem se tornado, não raro, um "apartheid sociocultural" o qual apenas os mais privilegiados socialmente obtêm melhores desempenhos na hora da comunicação. Desse modo, alguns fatores que circundam o uso oral da língua no Brasil devem ser revistos, a fim de amenizar o preconceito.       Em primeira análise, cabe pontuar que a gramática normativa assume um papel preponderante para a perpetuação do preconceito linguístico. Isso porque existe uma tentativa das escolas de inserirem normas na construção da educação do aluno, tentando unificar a Língua Portuguesa. Sob esse viés, o autor modernista, Oswald de Andrade, no poema "Pronominais", realiza uma crítica ao politicamente correto da gramática, tendo em vista que o fundamental na oralidade é a interpretação do interloucutor. Sendo assim, tal formalidade induz, muitas vezes, as pessoas mais favorecidas a praticarem preconceito àqueles que possuem uma baixa instrução educacional e, com isso, pode ocorrer a marginalização daqueles situados em regiões interioranas ou em locais com difícil acesso à educação.       Além disso, vale ressaltar que o preconceito tem sido dinamizado com as normas da língua. Isso pode ser explicado consoante ao pensamento do linguista Marcos Bagno, o qual diz que o conhecimento da gramática normativa vem sendo utilizado como um instrumento de dominação pela população culta. Nesse contexto, é notório que apresentam um vocábulo com variações linguísticas, como, por exemplo, "oxente, "vixi", "eita", entre outras, são vistas como inferiores, já que não apresentam determinada formação escolar.        Diante os fatos supracitados, é indubitável que ainda há entraves no que concerne ao combate do preconceito linguístico no Brasil. Portanto, cabe ao Ministério de Educação, junto às escolas, promoverem atividade extracurriculares que visam a valorização das diversidades linguísticas. Essa medida pode ser feita por meio da integração de um novo eixo disciplinar, na Base Nacional Comum Curricular, o qual ensinará maneiras de se portar mediante da variação da língua, com intuito de atenuar o preconceito linguístico e a inferiorização das classe que não possuem formação educacional. Desse modo, poder-se-à mitigar as mazelas sociais disseminadas pela população culta, valorizando a crítica feita por Oswald de Andrade.