Enviada em: 26/07/2018

Qualquer língua viva está sujeita à diversas mudanças e variações já que a sociedade quando muda, transforma também o que está em volta. O Brasil sendo um país de grande diversidade cultural, social e econômica, tem diferentes realidades e cada uma delas conta com uma variedade linguística. Entretanto existe o preconceito linguístico.  Não aceitar a existência das variantes e julgá-las, é sim preconceito linguístico e negar sua existência não faz com que ele desapareça. É comum a banalização sobre o tema, mas é preciso entender que cada variante tem uma raiz, uma história e um porquê, há toda uma formação por trás, é necessário chegar ao cerne para entender. Julgar o modo como alguém fala é julgar a história do indivíduo.  Estratificação da sociedade é um dos porquês. As camadas excluídas da sociedade acabam tendo menor acesso à educação e desenvolvem um vocabulário mais simples, se comparado as elites, mas o que importa é se a mensagem que precisa ser transmitida é recebida e entendida pelo receptor, independente das palavras usadas ou da norma gramatical.  Quando o assunto variedades é colocado em pauta, é comum acharem que é um descaso com a gramática ou também que não é para levá-la em conta nunca, o certo é considerar que assim como existe linguagem oral e escrita, há também informal e formal e também as variantes. A norma padrão não é uma lei, ela existe para ocorrer regularidade na língua, não existe nela certo ou errado, existe apenas adequado ou inadequado.  Portanto, é preciso falar, expor o assunto e, cabe a cada um, corrigir quando um episódio dessa discriminação acontecer, assim como é dever dos professores, entre outros formadores de opinião e forças da sociedade, debater sobre o assunto, expor os episódios, combatendo essa visão deturpada de que esse tema é apenas uma problematização e tirar a gramática como base de "argumentos", que na verdade são apenas justificativas para o preconceito.