Enviada em: 02/08/2018

Segundo Nietzsche, o homem inventou o ideal para negar o real. Com isso, percebe-se que o Brasil, apesar de destacar-se pela variedade cultural, mantém a diversidade linguística negada há décadas, ainda que essa faça parte da realidade brasileira. Dessa forma, ocorre a exclusão social pela oralidade, reflexo de outros preconceitos já existentes, confrontando, assim, a Constituição Cidadã de 1988, que assegura a igualdade como um direito dos brasileiros. Em primeiro plano, é preciso destacar que o preconceito linguístico advêm de raízes históricas. Segundo a carta do colonizador português Pero Magalhães, a ausência de "f", "r" e "l" nos povos indígenas indicavam o impedimento de fé, rei e lei, utilizando-se disso para afirmar a superioridade portuguesa. Da mesma forma ocorre nos dias atuais, em que pessoas que não dominam a norma culta são consideradas inferiores e com  menos capacidades intelectuais, vítimas de preconceito e marginalizadas pela sociedade. Em segunda análise, a educação de uma língua homogênea nas escolas mostra-se como um dos desafios para o fim do preconceito linguístico. Isso porque, impõe-se como o certo apenas a norma culta padrão, ignorando-se tanto as variantes quanto as adequações da rica oralidade brasileira. Dessa maneira, há um acentuamento da segregação social de classes menos favorecidas, já que, em geral, os falantes ativos da norma culta são aqueles com alta escolaridade e poder aquisitivo.  Portanto, urge que as escolas abordem o tema com projetos e atividades lúdicas interdisciplinares com a participação de pais e responsáveis, além disso, professores devem abordar a norma culta como adequada para determinados contextos, apresentando outras modalidades para o uso de situações informais. Conjuntamente, mídias televisivas podem incluir o tema em novelas e séries, porém, evitando a forma caricata, para não reforçar o preconceito. Com isso, será possível aceitar a realidade das variações linguísticas e respeitar o direito civil do cidadão brasileiro.