Enviada em: 25/08/2018

A língua é um dos principais instrumentos que caracterizam e sustentam a convivência em sociedade, visto que é fundamental à comunicação entre os indivíduos. No Brasil, observa-se uma vasta heterogeneidade de pronúncias da língua que, no entanto, tornou-se uma ferramenta de exclusão social, fazendo com que determinadas variantes sejam mais prestigiadas em detrimento de outras. Por isso, é necessário entender que todas as variações da língua no país são de fundamental importância para a construção de nossa identidade e não devem ser utilizadas como forma de preconceito e segregação.    É importante pontuar, de início, que a diversidade linguística no Brasil está presente desde antes da chegada dos colonizadores em terras brasileiras, que encontraram aqui diversas tribos indígenas com as mais variadas línguas. Entretanto, mesmo após a imposição do Português como idioma oficial do país, a variedade linguística ainda é um elemento marcante da cultura brasileira. Tal fato é evidenciado por dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que comprovaram a existência de, aproximadamente, 200 línguas faladas no Brasil, além da grande diversidade de sotaques regionais. Contudo, esse patrimônio cultural é desconhecido ou, até mesmo, ignorado por grande parte da população brasileira.    Em consequência disso, a variação linguística no país torna-se  uma ferramenta de exclusão social. Isso se deve ao fato de a pronúncia da norma culta estar diretamente ligada a um maior grau de escolaridade, fazendo com que aqueles que detêm maior conhecimento da gramática sejam responsáveis pela exclusão social de quem não faz o uso formal do idioma oficial. Desse modo, diversas consequências podem ser geradas àqueles que, de certa forma, sentem-se menosprezados por seu modo de falar, como por exemplo o medo de expôr suas ideias, de se expressar e frequentar determinados ambientes.     Frente ao exposto, fica evidente a necessidade de se combater o preconceito linguístico no país. Para isso, é imprescindível que o Ministério da Educação, juntamente com as escolas, incluam no currículo escolar disciplinas que abordem a diversidade linguística no país e sua importância para a identidade nacional, a fim de conscientizar alunos e professores acerca do respeito frente a variedade de línguas e pronúncias no país. Além disso, para que haja um alcance nacional sobre o assunto, a mídia deve abordar o assunto por meio de campanhas nos veículos de comunicação e novelas, ressaltando que as variações da língua fazem parte da nação brasileira e devem ser respeitadas. Assim, será possível que a variação linguística seja um patrimônio nacional e não mais uma forma de preconceito no país.