Enviada em: 31/08/2018

Os apaixonados sonetos de Camões, os poemas parnasianos de Olavo Bilac, os versos métricos de Chico Buarque e as imprevisíveis rimas do Emicida, embora apresentem diferenças drásticas, como gírias e expressões, compartilham o mesmo idioma e cumprem com sucesso a missão da linguagem: comunicar-se. Assim é inviável definir certo e errado dentro da linguística. Contudo, atualmente o domínio das regras gramaticais define  a inteligência e desencadeia um problema social, o preconceito linguístico.   A princípio, é possível perceber que as variações linguísticas são constantes, haja vista que o próprio português se originou do latim vulgar, e permanece em constante mudança de acordo com as necessidades e culturas mais presentes em cada região. Comprova-se isso no Senso de 2010 em que o IBGE constatou mais de 200 línguas faladas no território brasileiro, denominadas de línguas minoritárias. Tanta diversidade se justifica por aspectos geográficos, históricos e sociais, assim se tornam adequadas ou inadequadas em determinados momentos ou lugares.   Soma-se a isso o fato das diversas influências além lusitanas que a língua portuguesa recebe, expressões e palavras de origem indígena, inglesa francesa e africana são incorporadas no idioma denominado português. Consoante a isso, a gramática normativa é apenas um recorte do que se realmente se fala ou escreve por todo o país. Logo, é evidente que  a utilização léxico e semântica comum em todo o Brasil é inviável. Todavia, a não utilização da gramática correta na fala ou na escrita em nenhuma hipótese deve ser motivo de exclusão, humilhação ou preconceito.   Conclui-se, portanto, a necessidade do Estado criar órgãos especializados que visem combater o preconceito linguístico. Cabe as entidades públicas usar a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos para a legitimação e reconhecimento das línguas minoritárias. Além disso, as escolas devem ensinar a linguística com o conceito de adequado e inadequado em vez de correto e incorreto, a fim de diminuir o preconceito.