Enviada em: 04/10/2018

Historicamente, no período colonial, diversos povos de outros países vieram para o Brasil juntamente com suas culturas e línguas, contribuindo assim para que atualmente se tenha uma grande diversidade da fala oral brasileira nas mais diversas regiões. No entanto, o preconceito linguístico revela que ainda no século XXI, há uma negação do contexto de miscigenação sofrido pelo Brasil e o sotaque seja alvo de discriminação.     Em primeiro plano, é válido salientar que a discriminação linguística no Brasil, está ligada a um contexto histórico. A formação do país se deu através da miscigenação, o que acabou resultando em uma grande variedade de culturas e formas de falar. Contudo, a sociedade ainda trás dificuldades na aceitação dessas diferenças quanto a essas variações, pois esse preconceito enraizado está relacionado a uma visão elitista de que a forma culta de falar é a forma correta. Esse processo foi claramente demostrado no movimento parnasiano desenvolvido em 1850 , no qual as pessoas admiravam e exaltavam à forma que os parnasos escreviam e falavam.     Nessa perspectiva, outro fato que contribui para que haja uma rejeição quanto a maneira de falar de algumas regiões, é a variação das formas linguísticas. No Brasil , a pluralidade de sotaques é gigantesca. Todavia, alguns sofrem menos discriminações em relação a outros. A região nordeste é claramente uma daquelas que sofrem mais preconceitos. No ano de 2016, foi divulgado o caso do médico Guilherme Capel Pasqua que falou, " não existe peleumonia e nem raôxis". Esses casos explicitam a visão do corpo social quanto a forma de falar das pessoas, trazendo uma visão de que para falar correto , é necessário que se fala de modo culto e rebuscado.     Portanto, é mister que o ministério da educação intensifique a promoção de palestras em instituições de ensino, ministradas por pedagogas, linguistas e psicólogos , acerca da temática em questão. Além disso, é de suma importância que as prefeituras locais juntamente com instituições educacionais promovam peças teatrais, cinemas e debates com a temática preconceito linguístico visando desconstruir o pensamento de que só existe uma forma certa de se expressar. Como disse Paulo Autran, "todo preconceito é fruto da burrice, da ignorância, e qualquer atividade cultural contra preconceitos é valida".