Enviada em: 30/08/2017

Segundo Jean Paul Sartre, "a violência, seja qual for a maneira que ela se manifesta, é sempre uma derrota". Nesse sentido, o preconceito linguístico é um tipo de violência que age maquiavelicamente em defesa de que a língua falada igual a gramática normativa é a correta. Essa ideologia, entretanto, não leva em consideração os regionalismos, expressões populares e a perspectiva de que nem todos têm acesso ao ensino da linguagem formal.       Em primeiro plano, é necessário entender que o Brasil é formado por uma aquarela de grupos étnicos no qual cada um destes grupos reorganizou a língua de acordo com a sua necessidade de interação social. Portanto, subjugar um grupo por sua forma de comunicação é desrespeitar todo seu patrimônio histórico e cultural ali construído. Ademais, a língua é mutável e se adapta ao longo do tempo de acordo com a ação dos falantes, desse modo, fomentar a ideia de que há um modo correto de falar serve somente para perpetuar o preconceito linguístico por parte de grupos dominantes.       Conforme Pierre Bourdie, a violação dos direitos humanos não consiste somente no embate físico, está -sobretudo- na perpetuação de preconceitos que atentam contra a dignidade da pessoa física. Sob tal ótica, é um verdadeiro afronte aos direitos humanos o modo como a fala de alguns grupos são retratadas em novelas de televisão. Muitos destes personagens representam um tipo grotesco, rústico criado para provocar riso e deboche dos demais personagens e do espectador, o que reforça a exclusão social de tal grupo.        Torna-se evidente, portanto, que medidas sejam tomadas para resolver o impasse. O governo, através do MEC,deve promover palestras na escola que discutam o tema mostrando a importância do respeito à pluralidade étnica em seu aspecto verbal. A mídia, como principal veículo formador de opinião, deve parar de reproduzir este preconceito camuflado de humor. Quem sabe assim, cidadãos mais cordiais serão responsáveis pelo respeito das diversas representações linguísticas brasileira.