Enviada em: 18/08/2017

O Modernismo no Brasil, ainda no século XX, defendeu a liberdade no uso da língua e o rompimento com os padrões formais. Na contemporaneidade, entretanto, as diversas formas que a linguagem pode assumir movimentam comportamentos preconceituosos contra àquelas que não incorporam a chamada gramática normativa. Fatores de ordem cultural, bem como geográfica, caracterizam o atual dilema das variedades linguísticas no país.    É importante pontuar, de início, o histórico processo de valorização brasileira da norma culta. Desde o período imperial, a educação no Brasil estava restrita aos grupos favorecidos economicamente, sendo esse fenômeno um dos responsáveis pelas diferenças linguísticas entre os indivíduos e pela apreciação da gramática em detrimento das demais formas da língua. Nesse contexto, o preconceito linguístico mostra-se associado a um projeto educacional limitado a determinados indivíduos, que passam a subjugar outras manifestações linguísticas diferentes da norma padrão, rejeitando sua linguagem.     Outrossim, tem-se a grande extensão territorial brasileira como cerne das diversidades linguísticas. Ao se apresentar como um dos maiores países do globo, o Brasil reúne diversos povos e milhares de dialetos, contribuindo para uma enorme riqueza linguística. Essa vastidão no campo da linguagem, entretanto, ainda é encarada por muitos de forma intolerante e estereotipada. Tal fato pode ser ratificado pelo episódio em que um médico debochou na internet de um paciente pela sua forma de falar, evidenciando a persistência do preconceito quanto à língua e suas manifestações.    É notória, portanto, a influência de fatores culturais e geográficos na problemática supracitada. Nesse viés, cabe às escolas, em consonância com os profissionais da área, desconstruir os estereótipos criados acerca das manifestações da língua. A ideia da medida é, a partir de palestras e debates nas salas de aula, além de campanhas na internet, ressaltar a importância da variedade linguística na interação humana. Paralelamente, o Governo, por intermédio dos órgãos responsáveis, deve coibir esse tipo de intolerância entre os cidadãos. Esse projeto deve contar com a criação de leis para punir aqueles que menosprezam as diversas manifestações linguísticas do país, conscientizando os brasileiros quanto ao respeito ao diferente. Por fim, a mídia, enquanto formadora de novos comportamentos e opiniões, deve propagar, em telenovelas e propagandas educativas, a diversidade da língua, minando esse tipo de preconceito.