Enviada em: 17/09/2017

"Para dizerem milho dizem mio. Para melhor dizem mió" Esses são pequenos versos do poema "Vicio na Fala", do escritor Oswald de Andrade, que revela a variedade linguística e cultural do português brasileiro. Em um país continental como o Brasil é natural que existam diversas formas de expressar ideias por meio da língua. Porém o preconceito linguístico é uma triste realidade na sociedade.        O prestigio social acerca da norma culta faz com que muitas pessoas inferiorizem outras formas de falar ou escrever. O preconceito não está ligado somente a como se fala, mas principalmente a quem fala de forma diferente, pois, geralmente, quem conhece a gramatica normativa possui um nível médio de escolaridade, a medida que muitos que não possuem um razoável grau de instrução se comunicam fora da norma padrão. Não é difícil entender esse cenário quando os dados mostram que o índice de analfabetismo funcional é de 27% entre brasileiros de 15 a 64 anos, segundo o INAF (Indicado de alfabetismo funcional).       No entanto, as diferenças linguísticas não são frutos apenas da escolaridade, mas também da diversidade cultural, regional e de faixa etária. De norte a sul no Brasil encontram-se gírias e expressões que caracterizam cada região. No norte do país, por exemplo, pode-se usar a palavra "azuretado" para falar que está confuso, ou em Minas Gerais, onde é comum ouvir frases como: "Que vontade de comer um trem!" ou "Pega aquele trem ali, por favor", logo nota-se que palavra "trem" não é apenas para o veiculo. Essas e outras particularidades fazem parte da riqueza cultural do Brasil e é preciso valoriza-las.     É inaceitável, portanto, que a língua seja uma ferramenta de discriminação social, pois ela não se resume apenas à gramatica formal. Por isso o preconceito linguístico deve ser discutido e combatido. Primeiramente nas escolas, que devem ensinar todas as vertentes do Português, não pelo prisma do Certo e Errado, mas do pressuposto do que é formal e coloquial, e em quais situações cabe usar essas formas.