Enviada em: 09/10/2017

Entre os anos de 1910 e 1945, o Japão Imperialista ocupou a Coreia com o  objetivo de afirmar sua supremacia, para isso os japoneses proibiram os coreanos falarem sua língua materna para que perdessem sua identidade. Diante desse fato histórico, percebe-se o valor da língua para uma nação, porém, no Brasil, as imposições do preconceito linguístico, realizadas por muitos cidadãos, contra os sotaques e a fala cotidiana , têm se de apontado como ameaça à essa identidade.       O sócio-linguista, Marcos Bagno, em seu livro "Preconceito Linguístico", diz que os sotaques e dialetos presentes no território brasileiro estão relacionados à história de cada região, ao ser expresso por meio da fala a cultura e trajetória daquele local. Para ilustrar, as características do sotaque carioca, como a pronúncia da letra "s" chiada e as vogais abertas, possuem semelhança com o português lusitano, por influência da grande quantidade de portugueses que se instalaram no Rio de Janeiro durante o Período Imperial. Baseando-se no argumento de Bagno, criticar e caçoar um sotaque é desrespeitar a cultura de um povo, ao desvalorizar os processos de construção identitária de toda uma população.             Entretanto, o preconceito contra os sotaques não é o único praticado. Há também a intolerância com aqueles que não utilizam a norma culta padrão na fala, essa ação, geralmente, vem carregada de críticas negativas sobre a condição social e intelecto do falante. Em maioria, os indivíduos criticados não tiveram acesso à educação de qualidade durante a infância e adolescência e na hora de se comunicarem não conjugam ou concordam os termos de acordo com a gramática. Mas isso não exclui direito de falar e ser ouvido, nem mesmo justifica atitudes preconceituosas que agridam a individualidade dessas pessoas, e parafraseando Paulo Freire, não existe falar mais ou falar menos, existem falares diferentes.       O preconceito linguístico fere a identidade e a união do Brasil, sendo assim, ele precisa ser combatido por meio de ações realizadas pelo MEC, em escolas e universidades públicas, que eduquem os brasileiros sobre os processos de construção cultural vinculados à língua oral, mostrando a importância identitária dos sotaques e dialetos, para amenizar práticas desrespeitosas. Adicionado a isso, o Governo Federal deve realizar campanhas publicitárias, veiculadas à TV e internet, que venham desencorajar a intolerância contra a fala oral não padrão, reforçando o direito de se comunicar sem sofrer retaliações, para que a sociedade passe a enxergar a beleza e a riqueza da linguagem.